Lançada proposta de Plano Nacional para impulsionar o setor de ônibus elétricos no Brasil

Crédito: Júlio César Silva/MDIC

No dia 21 de novembro de 2024, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) realizaram em Brasília o evento “Impulsionando a Cadeia de Ônibus Elétricos no Brasil: uma proposta de Plano Nacional para o setor”, elaborado com o apoio do Programa de Cooperação entre a CEPAL e o Ministério Federal Alemão de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ), por meio da Cooperação Técnica Alemã (GIZ) – Programa CEPAL-BMZ /GIZ 2022-2024, chamado “Cidades Inclusivas, Sustentáveis e Inteligentes (CISI)”.

Na ocasião, estiveram presentes o representante máximo da CEPAL, Secretário Executivo José Manuel Salazar-Xirinachs e o Vice-Presidente do Brasil e Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

José Manuel Salazar comentou sobre a importância da indústria de ônibus elétricos como um dos “setores impulsionadores ou energizantes” identificados pela CEPAL para a grande transformação produtiva. Defendeu, ainda, a promoção de investimentos em cadeias de produção de ônibus elétricos, em infraestrutura, tecnologia e serviços, como fundamental para o aproveitamento das oportunidades da demanda não apenas em cidades brasileiras, como também em outros países.

Similarmente, o vice-presidente Geraldo Alckmin comentou sobre a importância da eletromobilidade como uma rota tecnológica para a descarbonização da mobilidade no Brasil e destacou a parceria com a CEPAL para o estímulo de soluções sustentáveis que posicionem o Brasil na vanguarda da inovação e que gerem bem-estar para a sociedade.

A ocasião marcou o lançamento do relatório Diretrizes e propostas para um plano nacional da cadeia de ônibus elétricos no Brasil, fruto da parceria entre CEPAL e MDIC para formulação de um Plano Nacional para a Cadeia de Ônibus Elétricos no Brasil. As recomendações apresentadas no documento são resultado de um processo de diálogo social com atores chave e de uma metodologia estruturada para a identificação de consensos sobre as políticas públicas necessárias para impulsionar a cadeia de ônibus elétricos no país.

Foram mobilizados no projeto mais de 100 atores chave, representando cerca de 70 instituições com efetiva atuação no setor da eletromobilidade, incluindo empresas do setor produtivo, bancos e instituições de financiamento, acadêmicos e especialistas, sociedade civil e autoridades do poder público. De novembro de 2023 a junho de 2024, esses atores se organizaram em quatro grupos de trabalho (GTs) estruturados em torno dos componentes dos ônibus elétricos, definidos como: GT1 de Powertrain; GT2 de Integração de Componentes; GT3 de Sistema de Armazenamento de Energia “Recarregável” (RESS); e GT4 de Sistemas Complementares e Infraestrutura) e dialogaram em mais de dez encontros, de forma presencial em Brasília e de forma remota.

Partindo da identificação do grau de maturidade tecnológica de cada componente do ônibus elétrico, por meio da identificação do Technology Readiness Level (TRL) nos próximos 5, 10 e 15 anos, a metodologia de trabalho dos GTs avaliou políticas de estímulo à cadeia produtiva brasileira; pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I); e regulação de produtos e suas tecnologias, resultando em mais de 100 recomendações para permitir o desenvolvimento do pleno potencial produtivo para cada elo da cadeia de ônibus elétricos no Brasil nesse horizonte de tempo (ver lista completa no relatório).

O painel de apresentação do relatório contou com a participação do consultor especialista do projeto, Edgar Barassa e com os representantes dos grupos de trabalho, Eliana Alves de Oliveira, FABUS/CAIO (líder do GT2); Marcelo Cairolli, Re-Teck Brasil (líder do GT3); e Claudio Castro, Schaeffler (líder do GT4) que apresentaram as principais recomendações (veja apresentação em anexo para referência).

Para discussão das recomendações, o evento recebeu os principais representantes de associações e sindicatos do setor automobilístico no Brasil. José Eduardo Castro Luzzi, Diretor de Segmento de Veículos Comerciais do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças); Igor Calvet, Diretor Executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA); Bruno Paiva, Diretor do Grupo de Veículos Pesados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) e Rubem Antonio Bisi, Presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Ônibus (FABUS) em suas distintas capacidades, coincidiram sobre a importância do desenvolvimento da cadeia com competências nacionais e celebraram o intuito de impulsionamento do setor de ônibus elétricos brasileiro pelas propostas apresentadas.

O evento, moderado pela diretora interina do escritório da CEPAL no Brasil, Camila Gramkow, também contou com a participação do diretor de desenvolvimento produtivo e empresarial da CEPAL, Marco Llinás que relatou os esforços das CEPAL em apoiar a compreensão sobre as oportunidades de desenvolvimento produtivo na região da América Latina e o Caribe. diretor destacou também o papel da governança para obtenção dos resultados almejados e a necessidade de territorialização da implementação das recomendações.

Nesse sentido, Uallace Moreira, Secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, comentou sobre a importância da retomada da política de desenvolvimento produtivo no Brasil como instrumento de promoção de crescimento econômico e catch-up tecnológico. O Secretário destacou que a eletromobilidade é estratégica para esforços de políticas de desenvolvimento produtivo em curso no país, notadamente a Nova Indústria Brasil, nas missões 3 e 5. Por fim, o Secretário ressaltou a pertinência das ações recomendadas que se referem ao índice de nacionalização da produção, por ser uma estratégia particularmente relevante para o adensamento tecnológico das cadeias produtivas do Brasil.

A presença de atores-chave e autoridades brasileiras no evento ilustra a relevância da ocasião para o setor de mobilidade no país. Um ponto de consenso emergiu em todas as intervenções: o imenso potencial do avanço tecnológico e da expansão das cadeias produtivas sustentáveis, tanto no Brasil quanto, possivelmente, em outros países da América Latina e Caribe. Investimentos estratégicos para o desenvolvimento de capacidades produtivas, tecnológicas e inovativas de forma integrada são essenciais para viabilizar a descarbonização do setor produtivo. Além disso, tais esforços podem impulsionar a competitividade, a produtividade, a geração de empregos e outros co-benefícios socioeconômicos associados a um novo modelo de desenvolvimento sustentável. As recomendações que compõem a proposta de Plano Nacional para a Cadeia de Ônibus Elétricos apresentado criam as condições, portanto, de implementação de um Grande Impulso (Big Push) da mobilidade elétrica no Brasil, promovendo um futuro mais produtivo, inclusivo e sustentável.

Gravação do evento: https://www.youtube.com/live/ILRo16LjU1w

Publicação: "Diretrizes e propostas para um plano nacional da cadeia de ônibus elétricos no Brasil"  por Edgar Barassa : https://www.cepal.org/pt-br/publicacoes/80983-diretrizes-propostas-plano-nacional-cadeia-onibus-eletricos-brasil

Anexo: apresentação Edgar Barassa