Comunicado de imprensa
Os atos criminais e os roubos de carga nas vias terrestres da América Latina não representam apenas um problema de segurança e de perdas econômicas para seus donos, mas também têm efeitos sobre o resto da cadeia logística e consequências para a competitividade nacional dos países, segundo um recente estudo da CEPAL.
O informe Seguridad de la cadena logística terrestre en América Latina, elaborado por Gabriel Pérez Salas, experto da Divisão de Recursos Naturais e Infraestrutura da CEPAL, assinala que na América Latina se encontram dois dos países de maior risco do mundo quanto a cadeias logísticas terrestres: México e Brasil. No entanto, este é um fenômeno presente em todos os países da região, sendo, portanto, urgente tomar medidas eficazes e coordenadas regionalmente para enfrentar o problema.
Na América Latina os pontos mais vulneráveis aos roubos são os terminais de carga, as zonas na proximidade dos portos, as instalações da infraestrutura logística de transferência e as áreas de consolidação de carga. Os atos delituosos se concentram principalmente no transporte de carga terrestre por estradas de rodagem, embora os ataques a vagões ferroviários sejam também frequentes. Em ambos os casos, e contrariamente ao que usualmente se pensava, os delitos ocorrem principalmente em zonas urbanas, durante os fins de semana e em horário diurno.
Embora seja difícil determinar a magnitude real das perdas econômicas provocadas pelo roubo de mercadorias no transporte terrestre, alguns autores estimam que as perdas anuais em nível mundial sejam da ordem de USD$ 30 bilhões. No entanto, muitos países em via de desenvolvimento nem mesmo dispõem de registros oficiais sobre o fenômeno.
Segundo o documento da CEPAL, a falta de estatísticas setoriais comparáveis e periódicas sobre estes delitos tem ocultado ou subvalorizado o seu impacto, fazendo com que não se tenha gerado suficientes políticas públicas para enfrentar o problema de forma efetiva e sustentável no tempo. As soluções privadas como escoltas armadas ou a autodefesa dos motoristas, não só têm sido incapazes de resolver o problema, mas também têm aumentado os custos e alimentado a sensação de insegurança na população.
A falta de segurança nas cadeias logísticas afeta, ademais, a imagem do país, reduz a receita tributária e desestimula o empreendimento e o investimento privado, o que também encarece os preços dos bens que a população nacional consume. Todos estes elementos incidem em forma negativa sobre o crescimento econômico e o desenvolvimento social.
O documento assinala também que dado que as quadrilhas de malfeitores não reconhecem fronteiras e movem continuamente sua zona geográfica de atuação, em busca de áreas mais desprotegidas, é fundamental coordenar as ações dos países para dar uma resposta a este flagelo que ameaça a competitividade da região e dificulta a articulação de cadeias logísticas intrarregionais.
O informe apresenta melhores práticas empresariais e promove mudanças nas políticas para enfrentar o fenômeno de maneira efetiva, sem afetar a competitividade regional.
Para tal fim, entrega uma série de recomendações, entre as que se incluem: gerar conhecimento sobre o problema, implementar modificações legais coordenadas regionalmente, investir em infraestrutura e promover a facilitação, estabelecer seguros de cobertura regional e fomentar a colaboração para construir cadeias logísticas mais seguras e mais competitivas para todos.
O documento conclui que a única forma de reduzir os riscos que incidem sobre a cadeia logística sem afetar a competitividade da economia é a adoção de um enfoque sistêmico de segurança integral e não de soluções em forma parcial. Por isso resulta fundamental que os Estados brindem as condições de segurança necessárias para assegurar um fluxo eficiente e efetivo de bens e de informação, para que as empresas possam aproveitar as vantagens competitivas derivadas da minimização de estoques, formar parte ativa de cadeias de valor e atrair mais investimentos.