A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) foi criada em fevereiro de 1948 para colaborar com os governos latino-americanos no desenvolvimento econômico de seus países, no melhoramento do nível de vida de seus povos e na ampliação e fortalecimento das relações comerciais, tanto dentro como fora da região. A CEPAL realiza seu trabalho de colaboração mediante duas atividades essenciais: a pesquisa em profundidade e com rigor da economia e do desenvolvimento social e ambiental; e a cooperação e assistência técnica que responda às necessidades identificadas pelos governos.
O desenvolvimento proposto pela CEPAL, caracterizado por seu enfoque estruturalista e uma preocupação permanente com o crescimento equitativo, o progresso técnico e a justiça social, constitui hoje um rico legado intelectual. A isso acrescenta-se um interesse constante pelas problemáticas emergentes no âmbito mundial e a certeza de que é necessário abordar assuntos como o desenvolvimento sustentável, a mudança climática e a segurança energética e, na área social, os temas de gênero, juventude e minorias étnicas à luz das mudanças do mundo em que vivemos.
O pensamento da CEPAL é dinâmico, seguindo as imensas mudanças das complexas realidades no âmbito global, regional, nacional e local. Desde os seus primeiros anos, a CEPAL desenvolveu um método analítico estruturalista próprio, reconhecido em toda a região e no mundo. Com a chegada do Secretário Executivo José Manuel Salazar-Xirinachs, da Costa Rica, em outubro de 2022, a CEPAL definiu dez áreas prioritárias de política para a transformação do modelo de desenvolvimento na região: promoção da produtividade, desenvolvimento produtivo, emprego e crescimento inclusivo; redução da desigualdade; universalização da proteção social e melhoramento do Estado de bem-estar; melhoramento da educação e formação profissional; promoção da igualdade de gênero e da sociedade do cuidado; promoção da sustentabilidade e adaptação e mitigação da mudança climática; transformação digital; gestão adequada das migrações; promoção da integração econômica regional e no mundo; e macroeconomia para o desenvolvimento; com o fortalecimento da governança, gestão, coordenação, planejamento, qualidade institucional, diálogo social e participação como objetivo transversal.
Para aprofundar a visão da CEPAL no curto, médio e longo prazo sobre os desafios do desenvolvimento integral da região, recomendamos consultar os documentos de posição apresentados pela Comissão aos Estados membros durante os períodos de sessões realizados bienalmente. Além disso, sugerimos consultar os documentos relativos à construção das ideias da CEPAL produzidos pelos ex-Secretários Executivos e as publicações icônicas selecionadas para o guia bibliográfico “75 anos da CEPAL e do pensamento cepalino”.
Os historiadores identificam oito etapas na obra da CEPAL:
- Origens da CEPAL e década de 1950: modelo centro-periferia e industrialização
- Década de 1960: reformas estruturais para o desenvolvimento regional
- Década de 1970: estilos de desenvolvimento na América Latina e no Caribe
- Década de 1980: crise da dívida
- Década de 1990: transformação produtiva com equidade
- Anos 2000: globalização, desenvolvimento e cidadania
- Década de 2010: a igualdade no centro do desenvolvimento sustentável
- Década de 2020: transformação do modelo de desenvolvimento em um mais produtivo, inclusivo e sustentável