Comunicado de imprensa
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento produtivo, inclusivo e sustentável do Brasil e de toda a região, por meio de uma série de cooperações concretas e assistências técnica destinadas a fortalecer as capacidades produtivas, tecnológicas e institucionais do país sul-americano.
Durante visita oficial a Brasília nos dias 20 e 21 de novembro, José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL, destacou o papel do Brasil no atual cenário econômico e geopolítico global e reiterou a necessidade de superar as três armadilhas que impedem o desenvolvimento sustentável do país e da região como um todo: a baixa capacidade de crescimento, a elevada desigualdade, a baixa mobilidade social e fraca coesão social e as baixas capacidades institucionais e de governança.
Tanto o Brasil como outros países da América Latina e do Caribe possuem vastos recursos naturais e competências técnicas que podem não apenas gerar soluções de baixo carbono em diferentes áreas, mas também desencadear um grande impulso em direção a um futuro mais produtivo, inclusivo e sustentável na região, José Manuel Salazar-Xirinachs comentou no evento.
Na quinta-feira, 21, o representante máximo da CEPAL e o vice-presidente do Brasil e ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participaram do evento Promovendo a Cadeia de Ônibus Elétricos no Brasil: uma proposta de plano nacional para o setor , organizado pelas duas instituições com o apoio da Cooperação Alemã, no âmbito do Programa Cidades Inclusivas, Sustentáveis e Inteligentes (CISI).
A eletrificação e a conectividade veicular estão surgindo como fortes tendências na mobilidade urbana, destacou José Manuel Salazar-Xirinachs. A eletrificação das frotas de ônibus é uma área estratégica para investimentos sustentáveis devido aos seus benefícios potenciais em matéria de eficiência energética, redução de contaminantes atmosféricos locais e de gases de efeito estuda e de impactos positivos na saúde, na qualidade de vida, na produtividade e competitividade, assim como no exercício efetivo dos direitos de cidadania, completou.
A indústria de ônibus elétricos constitui um dos chamados “setores impulsionadores ou energizantes” identificados pela CEPAL para a grande transformação produtiva, disse o alto funcionário. “O avanço da eletromobilidade na América Latina dependerá em grande medida do que Brasil for capaz de oferecer. A promoção de investimentos em cadeias de produção de ônibus elétricos, em infraestrutura, tecnologia e serviços, é fundamental para o aproveitamento das oportunidades da demanda não apenas em cidades brasileiras, como também em outros países”, disse.
O vice-presidente Geraldo Alckmin agradeceu o apoio da CEPAL e destacou a importância da eletromobilidade como uma rota tecnológica para a descarbonização da mobilidade no Brasil. A autoridade brasileira chamou a atenção ao fato de que apesar do mundo globalizado, o mercado é intrarregionalizado. Isso significa que, para o aprimoramento do mercado da região da América Latina, tanto na cadeia de ônibus elétricos, quanto de outras tecnologias, é preciso aumentar a competitividade da produção local, diminuindo custos, a carga tributária, juros, o custo de capital, desenvolvendo recursos humanos, logística e gerando inovação. Finalizou destacando que “a parceria entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e a CEPAL é importantíssima para que se possa estimular uma mobilidade coletiva descarbonizada, na vanguarda da inovação e preservar a qualidade de vida da população”.
Durante o evento, a CEPAL apresentou o relatório Diretrizes e propostas para um plano nacional da cadeia de ônibus elétricos no Brasil, que inclui mais de 100 recomendações. Ao longo de um ano, foram mobilizados cerca de 100 atores chave de mais de 70 instituições do setor da eletromobilidade, incluindo autoridades, empresas, bancos e instituições financeiras, e representantes da academia e da sociedade civil.
Nesse mesmo dia, realizou-se o Seminário IPEA-CEPAL : 50 anos de cooperação para o desenvolvimento , inaugurado por João Villaverde, Secretario Adjunto de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento e Orçamento, en representação à Ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, Simone Tebet; a Presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Luciana Mendes Santos Servo, e o Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs .
O seminário, que contou com a participação de representantes governamentais, funcionários da CEPAL e especialistas de alto nível, abordou temas como oportunidades e desafios relacionados ao crescimento inclusivo e sustentável, ao desenvolvimento produtivo digital e sustentável, à democracia e coesão social e à economia prateada na região.
Durante sua intervenção, o Secretário João Villaverde enfatizou que devemos seguir trabalhando e pensando quais são as novas bases que precisamos para o planejamento e desenvolvimento do Brasil que inclua a sociedade. “Para isso precisamos entender como está a sociedade hoje. Temos que observar o clima. Temos que levar em consideração como podemos nos torna mais resilientes e criar novas oportunidades”, disse.
A presidente do IPEA, Luciana Mendes Santos Servo, discorreu sobre a rica história de colaboração entre ambas instituições e abordou alguns dos principais desafios do Brasil e da região. “Não temos mais uma crise climática, temos uma urgência climática. A América Latina precisa vir em conjunto para essa discussão para resolver o problema de forma estruturada e pensar em políticas de forma integrada e coordenada.”, disse. O atual foco estratégico do IPEA, apontou, tem a ver não apenas com as bases econômicas, mas também “as oportunidades que se colocam para o Brasil e região da América Latina para que de fato se faça um Big Push para um desenvolvimento sustentável e inclusivo.”José Manuel Salazar- Xirinachs revisou a frutífera história de cooperação entre o IPEA e a CEPAL, descrevendo-a como a “aliança mais duradoura” da Comissão, e destacou a importância de refletir sobre os desafios, complexidades e oportunidades que o século XXI reserva para um futuro produtivo, inclusivo e sustentável no Brasil e na região.
A CEPAL, explicou ele, identificou pelo menos 14 setores dinamizadores para políticas e investimentos de estilo de desenvolvimento transformador: 1) Transição energética, que inclui energias renováveis, hidrogénio verde e lítio; 2) Eletromobilidade; 3) Economia circular; 4) Bioeconomia, que inclui agricultura sustentável, recursos genéticos e bioindustrialização ; 5) Agricultura para segurança alimentar; 6) Gestão sustentável da água; 7) Turismo sustentável; 8) Indústria farmacêutica e de ciências biológicas ; 9) Indústria de dispositivos médicos; 10) Fabricação avançada; 11) Exportação de serviços modernos ou baseados em TIC; 12) Sociedade do cuidado; 13) Serviços intensivos em trabalho; 14) Governo digital.
“Para cada tema insistimos que não basta ficar na análise e discussão do 'o que fazer', mas sim analisar o 'como fazer', ou seja, como gerir grandes transformações. Para isso, insistimos em quatro temas básicos: esquemas de governança, capacidades TOPP (técnicas, operacionais, políticas e prospectivas) das instituições, espaços de diálogo social e economia política das reformas”, resumiu o Secretário Executivo da CEPAL.
A missão em Brasília também incluiu, nesta quarta-feira, 20, a assinatura de um acordo de cooperação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), visando fortalecer as capacidades do Estado por meio do intercâmbio de conhecimentos e a capacitação de atores chave para a agenda de desenvolvimento da região. Participaram José Manuel Salazar-Xirinachs, o Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o Diretor da ABC, Embaixador Ruy Pereira.
Enquanto isso, quinta-feira, 21, a CEPAL e o Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos selaram outro acordo de cooperação que inclui um Plano de Trabalho com vistas à construção de um Estado moderno, eficiente e orientado a um desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável. Os dois pilares do Plano são o desenvolvimento de uma Estratégia Nacional de Compras Públicas Sustentáveis, que estará vinculada a políticas prioritárias como a “Nova Indústria Brasil” e o Plano de Transformação Ecológica do país, e o fortalecimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma ferramenta crucial para a gestão ambiental e o combate ao desmatamento. O acordo foi assinado pelo Secretário Executivo José Manuel Salazar-Xirinachs e pela Ministra da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos, Esther Dweck.