Descrição
O artigo revisita a discussão sobre planejamento e gestão no Brasil e reflete sobre as possibilidades de
conciliação entre essas duas importantes funções contemporâneas do Estado para a promoção do
desenvolvimento nacional. A partir de breve resgate histórico, confirma-se a percepção de dissociação
e primazia alternada entre planejamento e gestão no país. Durante parte do século XX, teria
predominado o “planejamento sem gestão”, vale dizer: a busca de objetivos nacionais estratégicos sem
a devida constituição de aparato administrativo para tanto. Já na década de 1990, ganha primazia a
"gestão sem planejamento", isto é: a reforma gerencialista do Estado, desprovida, porém, de conteúdo
estratégico mais geral. Para compreensão mais aprofundada do tema, realizou-se, então, esforço
inédito de avaliação de documentos oficiais do governo brasileiro, representativos de certa retomada
do planejamento público estatal entre 2003 e 2010. Buscou-se averiguar em que medida tais
documentos seriam tributários do ciclo recente de crescimento, bem como em que medida poderiam
induzir a sustentação de um ciclo mais longo e robusto de desenvolvimento no país.