Comunicado de imprensa
O Escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Buenos Aires organizou este trimestre dois seminários sobre macroeconomia e desenvolvimento, nos quais participaram representantes de organismos internacionais, funcionários dos bancos centrais da Argentina e Brasil e expertos da academia e do setor privado.
No primeiro seminário-oficina (Estructura Productiva, Instituciones y Dinámica Macroeconómica en América Latina), realizado em 1 e 2 de setembro, debateu-se a respeito das formas específicas em que se manifesta a denominada financeirização na região, indagando aonde se dirigiu a grande massa de capitais que entrou na região de 2010 em diante e se esta tendência constitui um obstáculo ou uma ponte no processo de mudança estrutural (diversificação produtiva com inclusão, social), à qual América Latina deveria aspirar.
O seminário constituiu-se de quatro blocos. No primeiro se apresentou o fenômeno da financeirização com uma perspectiva global, apelando a definições mais amplas e a estudos realizados para os países desenvolvidos. No segundo e terceiro bloco se analisaram algumas dimensões específicas deste fenômeno na América Latina, enfocando se no setor privado não financeiro como unidade de análise.
Finalmente, no quarto bloco do seminário se apresentaram dois trabalhos que mostram o impacto que o ciclo financeiro global ha tenido sobre os países da região e, junto con ello, as diferentes ferramentas de política que se aplicaram com o fim de mitigar seus efeitos negativos.
O segundo seminário-oficina (Distribución Funcional del Ingreso. Tendencias y debates recientes), efetuado em 11 de novembro, esteve dedicado à análise da evolução recente da distribuição funcional da renda, uma variável que havia perdido relevância nas análises sobre distribuição de renda, depois de décadas de predomínio do enfoque da desigualdade de um ponto de vista do indivíduo.
Embora se observe uma revitalização de estudos conceituais, metodológicos e de análise nos países desenvolvidos, são numerosas as especificidades da região que é preciso introduzir à análise. Incorporar estas especificidades à análise foi, justamente, um objetivo central do seminário.
Para isto, na primeira sessão se postularam os debates conceituais sobre os fatores associados às tendências atuais da distribuição funcional da renda em países desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como seu impacto no crescimento econômico, em distintos agregados macroeconômicos e na situação sócio laboral.
Na segunda sessão se apresentaram estudos que analisam as tendências distributivas para a América Latina e, simultaneamente, incorporam à análise alguns dos aspectos metodológicos que resultam centrais, como a renda dos trabalhadores independentes e a dimensão produtiva. Por último, se apresentaram estudos específicos da Argentina, Brasil e Uruguai.
Ambos os seminários se inserem na agenda sobre macroeconomia para o desenvolvimento que a CEPAL tem impulsionado nos últimos anos, na qual se tenta articular a análise da dinâmica macroeconômica de curto prazo com os problemas produtivos e distributivos, em linha com a tradição cepalina.