As boas novas confirmam que assistimos a uma mudança de época na América Latina. A construção da paz será a grande força e a oportunidade para uma mudança estrutural progressiva, com igualdade, que abraçará os conteúdos do desenvolvimento sustentável.
Com a assinatura no dia 26 de setembro em Cartagena das Índias do acordo entre o Governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), ato histórico do qual tive a oportunidade de ser testemunha, a região se consolida como uma zona de paz e os colombianos avançam com passo firme e decidido em uma construção institucional democrática.
Fruto do diálogo e da diplomacia, este acordo, tão esperado, é a expressão de um pacto social de reconciliação, integração e desenvolvimento. Com a esperada ratificação nas urnas no dia 2 de outubro, sua implementação trará, sem dúvida, maiores possibilidades de igualdade, justiça e dignidade para todos. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) comemora com profundo orgulho e alegria o auspicioso futuro que se abre para a Colômbia.
As condições econômicas e sociais da Colômbia melhoraram muito nas décadas passadas, ainda que saibamos que muitos de seus cidadãos ainda sofrem condições de vulnerabilidade e de desigualdade. Segundo cifras da CEPAL, quase a metade dos colombianos (49,7%) encontrava-se em 2002 em situação de pobreza. Em 2014, esse indicador caiu para 28,6%, um valor que requer ações contra este flagelo, mas que revela um declínio encorajador.
Desde o ano 2000, a Colômbia manteve um ritmo de crescimento sustentado, com aumentos anuais do produto interno bruto (PIB) que têm oscilado entre 1,7% e 6,9% nesse período. Em 2015, o país alcançou uma expansão de 3,1% e, segundo projeções da CEPAL, pode fechar 2016 com um avanço de 2,7%. Com um total de US$ 12,1 bilhões. A Colômbia foi também o quarto receptor de investimento estrangeiro direto (IED) da América Latina e Caribe em 2015.
A institucionalidade colombiana mostrou sua potencialidade para assumir mudanças estruturais – mesmo com seus altos e baixos – que têm sido políticas de Estado, como o compromisso pela estabilidade macroeconômica, pela institucionalidade ambiental, pela participação da sociedade civil, pelo planejamento do desenvolvimento e pela luta contra o crime organizado.
Os caminhos da paz são a força transformadora que a Colômbia terá nos próximos lustros. O caminho que começa a ser percorrido coincide, também, com a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável aprovada em 2015 pela Assembleia Geral da ONU. Antecipadamente, a Colômbia mostrou liderança em sua formulação e incorporou no Plano de Desenvolvimento de 2014-2018 um número importante de suas metas.
Diante dos desafios atuais e futuros, incorporados na Agenda 2030, a CEPAL oferece como contribuição para esse roteiro estratégico o conteúdo do documento Horizontes 2030: A igualdade no centro do desenvolvimento sustentável, apresentado no último mês de maio no México, onde foi proposto um enfoque integrado do desenvolvimento, com caminhos e elos virtuosos, presentes nas agendas de todos os atores públicos e sociais colombianos, e de suas regiões.
Na CEPAL renovamos nosso compromisso em seguir acompanhando os esforços da Colômbia para consolidar a paz definitiva e implantar seu próprio projeto de desenvolvimento nacional.
Reiteramos também nosso reconhecimento aos governos de Cuba e da Noruega, países garantidores do processo, assim como o Chile e a Venezuela, acompanhantes dos diálogos. O esforço de todos eles apresentou uma das mais brilhantes cartas de compromisso coletivo, com nossos melhores valores civilizatórios.
Nosso reconhecimento também, à liderança que nesse momento complexo exerceram o Presidente Juan Manuel Santos e a Chanceler María Ángela Holguín.
Acreditamos agora que a comunidade internacional e, especialmente, os países da região, continuarão apoiando a Colômbia na implementação dos acordos. Nessa linda tarefa contarão, sempre, com as capacidades da CEPAL.
Comunicado de imprensa
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