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Os fluxos de capital para a América Latina e o Caribe se aceleraram em 2019, mas a qualidade do crédito baixou

19 de março de 2020|Notícias

Em 2019 a emissão de títulos internacionais da região aumentou e os spreads dos títulos se reduziram. Não obstante, a qualidade do crédito continuou a se deteriorar, embora a um ritmo menor do que em 2018.

O relatório Fluxos de capital para a América Latina e o Caribe. Resumo de 2019 (disponível somente em inglês), difundido recentemente pelo Escritório da CEPAL em Washington, examina as principais tendências dos fluxos de capital para a região em 2019. Segundo o estudo, as taxas de juros globais em queda apoiaram a emissão de títulos da América Latina e do Caribe em 2019. Os mutuários desfrutaram de condições de financiamento fáceis, já que as reduções nas taxas de juros feitas pela Reserva Federal dos Estados Unidos e pelo Banco Central Europeu permitiram que emitissem títulos denominados em moeda estrangeira a taxas cada vez mais baixas.

Os mutuários mexicanos, brasileiros e chilenos foram os que mais contribuíram ao desempenho da região. Juntos, foram os três maiores emissores (ao combinar títulos soberanos e corporativos) e explicam 64% da emissão total de títulos da América Latina e do Caribe em 2019.

As ações e os spreads de dívida da América Latina se recuperaram da derrocada provocada pelo aumento da volatilidade e percepção de risco nos mercados mundiais durante o segundo semestre de 2018. Os spreads de dívida diminuíram 222 pontos-base (em comparação com um aumento de 149 pontos-base em 2018), enquanto as ações subiram 14% (em comparação com uma perda de 9% em 2018), segundo o índice MSCI latino-americano.

A emissão de dívida nos mercados internacionais totalizou 119 bilhões de dólares em 2019, com um aumento de 26% em relação aos 94 bilhões emitidos em 2018. Foi somente o quinto maior volume anual, já que a atividade de alguns emissores grandes no passado, como a Argentina, se atenuou. Os emissores corporativos lideraram o caminho, ao emitir mais de 64% do total. Quase 90% da dívida total que as empresas da região venderam nos mercados internacionais foi denominada em dólares dos EUA, aproveitando as baixas taxas de juros e o apetite por melhores rentabilidades por parte dos investidores. Contudo, o aumento da dívida corporativa expõe as empresas a uma valorização forte do dólar, o que aumentaria o custo de seus pagamentos de juros.

Em geral, a qualidade do crédito deteriorou-se em 2019. Ao analisar todas as ações de classificação do crédito, incluindo as revisões das perspectivas, houve 18 ações positivas e 22 negativas. As ações de classificação creditícia negativas superaram em número as ações positivas na região por sete anos consecutivos, mas o desequilíbrio melhorou em 2019. Houve quatro ações negativas mais que positivas na região em 2019, em comparação com 15 mais em 2018.

Por outro lado, recuperaram-se as emissões de títulos verdes da região nos mercados internacionais. Em 2019, as emissões internacionais de títulos verdes da América Latina e do Caribe somaram 5,45 bilhões de dólares e representaram 4,6% da emissão total de títulos internacionais da região. Em junho, o Chile se converteu no primeiro país da região a emitir títulos verdes.

Os emissores da América Latina e do Caribe estiveram ativos nos mercados internacionais de dívida em janeiro de 2020, ao emitir mais de 38 bilhões de dólares, um recorde mensal para a região. Desse montante, em torno de 62% correspondem a emissores corporativos, enquanto os títulos emitidos por seis países soberanos explicam os 38% restantes.

As empresas refinanciavam as dívidas existentes para assegurar baixas taxas ante qualquer volatilidade no mercado nos meses anteriores à eleição presidencial dos Estados Unidos, ou caso eventos inesperados, como a epidemia do coronavírus, gerassem turbulência nos mercados. Porém, as emissões soberanas de janeiro seguiram a tendência positiva observada em 2019 entre as emissões de títulos verdes, sociais e sustentáveis da região. O Chile vendeu títulos verdes avaliados em 1,96 bilhão de euros e títulos em dólares avaliados em 1,65 bilhão de dólares, e o Equador se converteu no primeiro emissor soberano de títulos sociais no mercado internacional.