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Porque outro mundo é possível, a CEPAL reafirma que a igualdade e a sustentabilidade devem estar no centro do desenvolvimento da América Latina e do Caribe: Alicia Bárcena

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2 de novembro de 2020|Comunicado de imprensa

Num capítulo especial do programa “Horizontes CEPAL”, a Secretária Executiva do organismo aprofundou os temas abordados durante o 38º Período de Sessões da Comissão e as propostas de política para a recuperação pós-pandemia.

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Alicia Bárcena, Secretaria Ejecutiva de la CEPAL, durante la entrevista.
Foto: CEPAL.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) colocou a igualdade e a sustentabilidade no centro do desenvolvimento dos países da região, convencida de que outro mundo é possível e de que a recuperação pós-pandemia deve ser transformadora, sublinhou Alicia Bárcena, Secretária Executiva da Comissão Regional das Nações Unidas, num capítulo especial do programa multimídia “Horizontes CEPAL”, disponível na internet.

Durante a entrevista, a alta funcionária aprofundou os principais marcos e temas abordados no Trigésimo Oitavo Período de Sessões da CEPAL, realizado de 26 a 28 de outubro de maneira virtual pela primeira vez em sua história. Também abordou os impactos devastadores da pandemia de coronavírus (COVID-19) na região e as propostas de política para uma recuperação com igualdade e sustentabilidade.

“Nossa contribuição na última década foi a de colocar a igualdade no centro do desenvolvimento dos países da região e determinar que chegou a hora da igualdade na América Latina e no Caribe; que a desigualdade é ineficiente, quer dizer, que uma maior igualdade será melhor para a economia porque haverá mais educação, mais saúde, melhor nutrição, principalmente para os jovens e crianças, e que a igualdade das mulheres é fundamental”, afirmou Alicia Bárcena.

Acrescentou que a CEPAL chamou a atenção do mundo no sentido de que, para um futuro melhor, os países precisam crescer, igualar e proteger o meio ambiente.

A máxima representante da CEPAL referiu-se à realização do Trigésimo Oitavo Período de Sessões, a reunião intergovernamental mais importante da Comissão, e destacou o alto nível dos participantes: na abertura participaram os Presidentes da Costa Rica, Carlos Alvarado, e Cuba, Miguel Diaz-Canel, junto com o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, o Secretário-Geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurria, e a Diretora-Gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.

“Isto demonstra que, quando a região fala de maneira unida, com uma voz única, convoca e atrai a comunidade internacional”, sublinhou a Secretária Executiva da CEPAL.

A alta funcionária das Nações Unidas destacou especialmente a Declaração política sobre uma recuperação sustentável, inclusiva e resiliente assinada pelas ministras e ministros das Relações Exteriores dos 33 países da América Latina e do Caribe no âmbito do período de sessões da CEPAL. 

“Estamos vivendo momentos muito complexos na região e o fato de que os 33 chanceleres tenham aprovado esta declaração política, que tem um conteúdo de muita profundidade, é algo inédito”, afirmou Alicia Bárcena.

Assinalou que a declaração fala de uma recuperação sustentável focada nas populações mais vulneráveis, como as mulheres. Ademais, insta a comunidade internacional a prestar um maior apoio em termos de financiamento, preferencialmente não concessional, e destaca a iniciativa do Fundo para Aliviar a Economia COVID-19 (Fund to Alleviate COVID-19 Economics - FACE) impulsionada pela Costa Rica.

“Esta crise vai durar mais do que esperávamos; portanto, vamos precisar de políticas fiscais e monetárias expansivas, que terão que durar mais tempo, e aí é onde a comunidade internacional tem que entrar. Temos que mudar a maneira unilateral como se manejou a crise; cada país obviamente está tratando de sair dela, mas a próxima etapa deve estar baseada em ações coletivas e coordenadas”, expressou a Secretária Executiva da CEPAL.

Acrescentou que o documento sublinha que a Agenda 2030 é um guia para sair da crise e ressalta a importância de aprofundar a integração regional.

“Nossa região tem uma grande oportunidade para reintegrar-se e despolitizar a integração. Devemos ser mais pragmáticos e obter uma união entre os países a partir de cadeias de valor, por exemplo. Com uma voz coletiva podemos ter melhores resultados”, destacou.

Alicia Bárcena referiu-se também ao documento de posição Construir um novo futuro: uma recuperação transformadora com igualdade e sustentabilidade que a CEPAL apresentou aos países e no qual conclama a edificar um novo futuro pós-COVID-19 na região mediante uma recuperação transformadora do desenvolvimento, com maior igualdade e sustentabilidade.

“O documento apresenta uma proposta de transformação profunda para poder vencer o tema da desigualdade, a pobreza e os grandes déficits estruturais que caracterizam a nossa região”, sublinhou.

Assinalou que no documento a CEPAL indica que a região deve crescer a uma taxa de pelo menos 4% ao ano e realizar uma forte redistribuição da renda (de até 3% do PIB anual) para eliminar a pobreza até 2030. Afirma também que, se a região promover a energia renovável, pode reduzir em 30% suas emissões e criar cerca de 7 milhões de empregos.

Além disso, propõe concentrar a atenção em sete setores que podem ser os motores do novo estilo de desenvolvimento em função de seu papel estratégico nas emissões, no investimento, na competitividade, no emprego e na saúde, e propõe linhas de política para impulsioná-los. Esses setores estão vinculados com uma nova matriz energética, a eletromobilidade urbana, a revolução digital, a indústria manufatureira da saúde, a bioeconomia, a economia circular e o turismo sustentável.

“Nesta época de pandemia temos que ver para onde queremos ir e o que queremos mudar. Não queremos voltar para onde estávamos antes; queremos avançar para um novo modelo de desenvolvimento que seja muito mais igualitário, mais sustentável, mais vivível, sobretudo. Nós que formamos a CEPAL estamos muito comprometidos em buscar um novo futuro. Outro mundo é possível”, concluiu Alicia Bárcena.

Os capítulos anteriores do programa “Horizontes CEPAL” ofereceram entrevistas exclusivas com a Secretária Executiva, Alicia Bárcena, e outros diretores do organismo regional. As próximas edições continuarão abordando os diversos temas que fazem parte do programa de trabalho da Comissão, especialmente os relacionados com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e a recuperação pós-pandemia com igualdade e sustentabilidade.

Convidamos os canais de televisão e as emissoras de rádio a reproduzir livremente os conteúdos de “Horizontes CEPAL”, citando a fonte (CEPAL). Os meios de comunicação que requerem segmentos de alta qualidade deste programa (áudio e vídeo) poderão solicitá-los diretamente à Unidade de Informação Pública da CEPAL, nos contatos indicados mais adiante.