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A análise de grandes dados (big data) pode melhorar a tomada de decisões em áreas críticas do desenvolvimento, como a saúde, o emprego, a produtividade, a segurança e a gestão de desastres naturais, para citar somente algumas, mas para isso é preciso gerar novas alianças entre todos os atores envolvidos e impulsionar verdadeiras revoluções educacionais e culturais, concordaram especialistas em um seminário realizado na sede da CEPAL em Santiago, Chile.
“Um dos principais desafios de nossa região é estabelecer um verdadeiro diálogo entre os escritórios nacionais de estatística e os grandes atores do big data, em sua maioria privados”, ressaltou a Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, na abertura do seminário Think big: inovação de dados na América Latina e no Caribe, organizado em conjunto com o Escritório para a América Latina da Escola de Negócios Sloan do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e o Centro Regional de Estudos sobre o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Brasil.
Durante o encontro, a CEPAL lançou oficialmente o projeto “Big Data: grandes dados para a economia digital na América Latina e no Caribe”, financiado pela Conta para o Desenvolvimento das Nações Unidas, que busca melhorar as capacidades nacionais para a medição da economia digital e a formulação de políticas baseadas em evidências, através da análise de grandes dados e sua combinação com estatísticas tradicionais.
“A América Latina e o Caribe registram muito avanço na Internet do consumo, mas não na Internet da produção”, sublinhou Alicia Bárcena durante a sua apresentação.
Na abertura do evento também participaram Rodrigo Ramírez, Subsecretário de Telecomunicações do Chile, Alexandre Barbosa, Chefe do CETIC.br, Roberto Rigobon, Professor de Gestão e de Economia Aplicada da Society of Sloan Fellows na Escola de Negócios MIT Sloan, e Mario Cimoli, Diretor da Divisão de Desenvolvimento Produtivo e Empresarial da CEPAL.
Houve exposições magistrais de Robert Kirkpatrick, Diretor de Global Pulse, e Emmanuel Letouzé, Diretor de Data-Pop Alliance. Também intervieram Luis Felipe Céspedes, Ministro de Economia do Chile, e Marcelo Jenkins, Ministro de Ciência, Tecnologia e Telecomunicações da Costa Rica.
Rodrigo Ramírez destacou que “num contexto de emergências, como o que o Chile está acostumado a enfrentar de maneira permanente, o mundo da gestão de grandes dados se transforma em um assunto crucial, inclusive para salvar vidas”. Além disso, ressaltou a importância de gerar um mercado digital regional que permita aproveitar o potencial digital da América Latina e do Caribe.
Alexandre Barbosa indicou que “a medição desempenha um papel central na agenda internacional sobre o desenvolvimento sustentável” e organismos como a CEPAL podem desempenhar um papel muito importante na geração do debate e na reflexão sobre as novas ferramentas necessárias para monitorar o progresso dos países no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Roberto Rigobon, do MIT, também valorizou a liderança que a CEPAL demonstra no estudo dos temas relacionados com a sociedade da informação na América Latina e no Caribe. Em sua opinião, o aproveitamento dos grandes dados implica verdadeiras revoluções nos âmbitos educativo e cultural, motivo pelo qual instou os escritórios nacionais de estatística e as universidades a se modernizarem e não deixarem escapar a oportunidade de participar neste processo.
Em suas apresentações, Robert Kirkpatrick, Diretor de Global Pulse, uma iniciativa das Nações Unidas, e Emmanuel Letouzé, Diretor de Data-Pop Alliance (coalizão formada pela Iniciativa Humanitária de Harvard, o MIT Media Lab, o Overseas Development Institute e a Fundação Flowminder), ofereceram um panorama do uso dos grandes dados no mundo, seus potenciais benefícios e riscos, bem como as oportunidades de colaboração.
Kirkpatrick assinalou vários desafios em torno da análise de grandes dados, advertindo sobre a responsabilidade ética que demanda seu uso e a problemática existente no acesso aos dados. A esse respeito, ressaltou a necessidade de estabelecer alianças multissetoriais e fortalecer a cooperação pública e privada. Letouzé se concentrou na forma em que os grandes dados podem impulsionar a democracia e o desenvolvimento sustentável na região.
No encerramento do seminário, Mario Cimoli instou os países a utilizar as tecnologias digitais como ferramentas para a implementação de políticas públicas, mas advertiu que ainda existe o desafio de passar a modelos produtivos sustentados no conhecimento e na informação. Indicou que há uma dívida pendente com a revolução industrial e que ainda falta uma governança para o novo modelo das plataformas digitais.
O evento contou também com a participação de Frauke Kreuter, Professora do Centro de Pesquisa sobre População de Maryland, que fez uma revisão das estratégias existentes para fortalecer as capacidades dos escritórios nacionais de estatística através de convênios de cooperação com universidades dos Estados Unidos e Europa.
Finalmente, Antonino Virgillito, Engenheiro Sênior em Tecnologias da Informação do Instituto Nacional Italiano de Estatística (ISTAT), apresentou os projetos que ISTAT lidera no campo da análise de grandes dados, entre eles a produção de índices de preços e a exploração de indicadores TIC nas empresas.