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Avançar em matéria de proteção social na América Latina e no Caribe é mais urgente do que nunca

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30 de agosto de 2022|Comunicado de imprensa

Autoridades, funcionários internacionais e especialistas participaram da jornada de abertura do Segundo Seminário Regional de Desenvolvimento Social, organizado de forma virtual pela CEPAL em colaboração com diversas instituições.

Abordar os desafios dos sistemas de segurança social através de novos pactos sociais e fiscais nos países da América Latina e do Caribe é mais urgente do que nunca no atual contexto econômico desfavorável e de alta incerteza que vive a região, afirmaram representantes que participaram da jornada de abertura do Segundo Seminário Regional de Desenvolvimento Social realizado de forma virtual.

O evento, intitulado “Segurança social e a crise prolongada: uma oportunidade para combater a desigualdade no contexto de um Estado de bem-estar na América Latina e no Caribe”, foi organizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), no âmbito da colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e produto do trabalho conjunto com a Cooperação Alemã e o Mecanismo para o Desenvolvimento em Transição da União Europeia.

A sessão de abertura contou com palavras de Mario Cimoli, Secretário Executivo Interino da CEPAL, Fabio Bertranou, Diretor do Escritório da OIT para o Cone Sul da América Latina, Carissa F. Etienne, Diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Volker Oel, Comissário para a América Latina do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha, e Jutta Urpilainen, Comissária de Associações Internacionais da Comissão Europeia (CE), com a moderação de Alberto Arenas de Mesa, Diretor da Divisão de Desenvolvimento Social da CEPAL.

“O contexto econômico atual é muito difícil, com retrocessos em matéria social nos países da região. São preocupantes os indicadores de pobreza, desigualdade e bem-estar da população. Este evento procura justamente manter um diálogo com os governos, fomentar a cooperação e fazer um apelo para agir agora através de novos pactos sociais e fiscais”, disse Mario Cimoli.

Num contexto de acumulação de crises, a CEPAL projeta que em 2022 a América Latina e o Caribe retomarão uma trajetória de baixo crescimento econômico, ao que se somam fortes pressões inflacionárias, baixo dinamismo da criação de empregos, quedas do investimento e crescentes demandas sociais, dado o aumento da pobreza e da desigualdade.

Para a Comissão, a segurança social e a proteção social são imprescindíveis para um grande impulso rumo ao desenvolvimento sustentável na América Latina e no Caribe. Estes sistemas podem reduzir a atual incerteza e as deficiências estruturais da região, já que oferecem estabilidade política, econômica e social.

Neste contexto, a CEPAL instou os países da região a avançar para sistemas de proteção social universais, integrais, sustentáveis e resilientes no âmbito de um Estado de bem-estar. Para isso, é preciso um novo pacto social-fiscal que contribua para um desenvolvimento social inclusivo e transformador com igualdade de gênero e que garanta a sustentabilidade financeira das políticas para enfrentar a desigualdade, diz o organismo regional das Nações Unidas.

Fabio Bertranou, da OIT, avaliou o espaço de diálogo e reflexão e afirmou que “uma proteção social eficaz e completa é essencial não só para a justiça social e o trabalho decente, mas também para a criação de um futuro sustentável e resiliente”. Citando o Diretor-Geral da OIT, Guy Ryder, Bertranou indicou que “é um momento propício para utilizar a resposta à pandemia a fim de construir uma nova geração de sistemas de proteção social com base nos direitos”.

Carissa F. Etienne, Diretora da OPAS, recordou que as Américas são a região do mundo com maior número de casos e mortes por causa da pandemia e ressaltou que o caminho para a recuperação será complexo. A ameaça da COVID-19 continua; por isso, devemos continuar atentos, disse. “A integração efetiva entre os setores de saúde, finanças e desenvolvimento social para construir mecanismos de proteção social universal constitui uma prioridade para esta região. Chegou o momento da ação”, enfatizou.

Volker Oel, Comissário para a América Latina do BMZ da Alemanha, destacou o papel dos sistemas de proteção social e a importância do intercâmbio de experiências e da cooperação regional e internacional para evitar retrocessos em matéria de desenvolvimento social na região e para avançar na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. “A proteção social deve ser entendida como um elemento importante para a governança, especialmente em tempos de crise”, indicou.

Finalmente, Jutta Urpilainen, Comissária de Associações Internacionais da CE, indicou que a pandemia de COVID-19 ressaltou a necessidade de contar com sistemas de saúde e de segurança social mais fortes globalmente, inclusive na América Latina e no Caribe. “Precisamos colaborar em políticas sociais, criar pactos sociais. É a melhor forma de lutar contra a pobreza e as desigualdades e criar sociedades mais democráticas e inclusivas”, sustentou.

Posteriormente, o primeiro painel do encontro incluiu intervenções de Dean Jonas M.P., Ministro da Transformação Social, Desenvolvimento de Recursos Humanos e Economia Azul de Antígua e Barbuda; Maria Begoña Yarza, Ministra da Saúde do Chile; José Carlos Cardona, Ministro da Secretaria de Desenvolvimento Social de Honduras; Maria del Rocío Garcia Pérez, Subsecretária de Bem-Estar do México; e Sonia Tarragona, Titular da Unidade de Gabinete de Assessores do Ministério da Saúde da Argentina.

O encontro de três dias procurou ser um espaço de diálogo e reflexão sobre os sistemas de segurança social na região, com foco nos diagnósticos, desafios e orientações estratégicas para processos de reformas e reestruturação nos sistemas de pensões e saúde. Houve apresentações magistrais de Nicholas Barr, Professor da London School of Economics, Carmelo Mesa-Lago, Professor Emérito da Universidade de Pittsburgh, e Sir Michael Marmot, Professor de Epidemiologia da University College London (UCL) e Diretor do Instituto de Equidade em Saúde da UCL, entre outros especialistas.