(13 de dezembro, 2010) Depois de uma queda de 1,9% em 2009, a América Latina e o Caribe crescerão 6% em 2010 graças à recuperação econômica apresentada pela maioria dos países da Região, segundo o Relatório anual divulgado hoje pela CEPAL.O Balance preliminar de las economías de América Latina y el Caribe 2010, apresentado por Alicia Bárcena, Secretária-Executiva desta Comissão Regional das Nações Unidas, assinala que as medidas anticíclicas adotadas por vários países após a crise financeira internacional impactaram positivamente o crescimento das economias, o que permite prever um aumento de 4,8% do produto interno bruto (PIB) por habitante para este ano.
A consolidação desse aumento também repercutiu favoravelmente sobre o emprego regional, fazendo com que a taxa de desemprego diminuísse para cerca de 7,6%, frente aos 8,2% registrados em 2009, e melhorou a qualidade dos postos de trabalho gerados.
No entanto, houve um pequeno aumento da inflação, que passou de 4,7% em 2009 para uma estimativa de 6,2% em 2010, fundamentalmente pelo comportamento dos preços internacionais de alguns produtos básicos.
Ainda que o crescimento dos países da Região tenha sido heterogêneo, a maioria apresentou cifras positivas em 2010. Enquanto a América do Sul crescerá 6,6%, espera-se que o PIB registre um aumento de 4,9% no México e na América Central e de 0,5% nos países do Caribe de língua inglesa e holandesa.
Paraguai será o país que mais crescerá (9,7%), seguido pelo Uruguai (9%), Peru (8,6%) e Argentina (8,4%). O Brasil crescerá 7,7%, enquanto o México e o Chile crescerão 5,3%.
Por outro lado, o Haiti e a Venezuela registrariam quedas de seu PIB em 2010, de -7% e -1,6%, respectivamente.
A partir do segundo semestre de 2010, diversos fatores geraram um cenário menos otimista na economia internacional que somado a um menor impulso sobre a demanda proveniente das políticas públicas e à diminuição da capacidade produtiva ociosa preveem um menor crescimento da Região em 2011, de 4,2% (cerca de 3% de aumento do PIB por habitante).
O ambiente externo mantém altos níveis de incerteza sobre a solidez da recuperação das economias desenvolvidas, especialmente das européias. A isto se soma o aumento da força relativa dos países emergentes, especialmente os da América Latina e do Caribe, o que tem gerado um maior fluxo de capitais em direção à Região e as valorizações de suas moedas.
No curto prazo, a maior entrada de capitais poderia repercutir negativamente sobre as contas externas, mas não representaria um perigo para o crescimento. No entanto, no longo prazo, os efeitos podem ser sumamente negativos, tal como mostra a história da Região. A elevada liquidez mundial pressionaria para a queda das taxas de câmbio real e, ao mesmo tempo, para o aumento dos preços dos produtos básicos, o que pode gerar a deterioração das contas externas e incentivar una excessiva especialização na produção e exportação de bens primários. Com isto, a Região seria mais vulnerável a choques provenientes do exterior.
Em seu relatório, a CEPAL adverte que as medidas que os países possam adotar para regular a entrada de capitais de curto prazo devem ser complementadas com uma estratégia anticíclica, abrangendo tanto a área fiscal como a financeira, com o fim de diminuir as pressões sobre a demanda interna e impedir um aumento excessivo do crédito.
Entretanto, acrescenta que para ter êxito é imprescindível uma maior coordenação a nível internacional com a finalidade de reduzir os desequilíbrios globais.
"O grande desafio da Região é reconstruir sua capacidade para realizar ações anticíclicas e criar condições para um desenvolvimento produtivo que não se baseie somente na exportação de produtos básicos", observou Alicia Bárcena.
O relatório indica que após a deterioração observada em 2009, produto da crise, os países da Região estão lentamente recompondo suas contas públicas, basicamente através de uma melhora em suas receitas fiscais. Nos governos centrais, o desempenho fiscal da América Latina alcançou ao fechar o ano de 2010 um déficit primário de 0,5% do PIB em média simples, em comparação com um déficit de 1,1% para 2009. Considerando o resultado global (ou seja, incluindo o pagamento dos juros da dívida pública), este passa de um déficit de 2,9% para um déficit de 2,3% do PIB.
Para 2011 estima-se que as contas fiscais apresentariam uma nova melhora, com um déficit primário de 0,2% do PIB e um déficit global de 2% do PIB.
O relatório assinala também que para aumentar a capacidade de crescer, as economias da Região devem investir mais. Apesar dos avanços, a Região da América Latina e do Caribe ainda está distante dos níveis de investimento da década de 1970.
- Ver tabela em anexo. América Latina e Caribe: Produto interno bruto total, 2009-2011
O Balance preliminar de las economías de América Latina y el Caribe 2010 está disponível no sítio Internet da CEPAL.
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