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A 7ª Mesa-Redonda de Desenvolvimento do Caribe pôs em foco a recuperação, o reposicionamento e a resiliência

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13 de outubro de 2022|Comunicado de imprensa

Convocada pela Sede Sub-Regional da CEPAL no Caribe e patrocinada pelo Governo do Suriname, a CDR foi aberta oficialmente pela Presidente cessante, Ministra das Relações Exteriores de São Vicente e Granadinas, Keisal Peters.

A 7ª Mesa-Redonda de Desenvolvimento do Caribe (CDR) concentrou-se na recuperação e no reposicionamento, visando a encontrar soluções práticas e viáveis para investir em resiliência, recuperação econômica e crescimento sustentado. A CDR também recebeu informações atualizadas sobre o progresso registrado na criação do Fundo de Resiliência do Caribe (CRF).

Convocada pela Sede Sub-Regional da CEPAL no Caribe e patrocinada pelo Governo do Suriname, a CDR foi aberta oficialmente pela Presidente cessante, Ministra das Relações Exteriores de São Vicente e Granadinas, Keisal Peters. A reunião foi realizada na cidade de Paramaribo, capital do Suriname.

Segundo a Ministra Peters, a Mesa-Redonda foi concebida como um fórum para debater questões críticas que supõem um desafio fundamental para o desenvolvimento no Caribe e explorar soluções que, em última instância, apoiarão o crescimento inclusivo e um melhor nível de vida para nossa gente, protegendo ao mesmo tempo nosso meio ambiente. Ao refletir sobre o impacto da pandemia de COVID-19, a Ministra Peters assinalou que esta reverteu alguns dos avanços alcançados com muito esforço no crescimento das economias dos países do Caribe e na redução do desemprego e da desigualdade.

"A pandemia golpeou nossos principais setores, em particular o turismo, o comércio e a distribuição. Além disso, a sub-região foi abalada por catástrofes naturais. A erupção de La Soufrière teve um impacto devastador em meu próprio país, São Vicente e Granadinas, enquanto aqui no Suriname e na vizinha Guiana houve grandes inundações, houve um terremoto no Haiti e numerosas tempestades que assolaram o Caribe", indicou.

A Diretora da Sede Sub-Regional da CEPAL no Caribe, Diane Quarless, sublinhou a posição da CEPAL sobre a necessidade da diversificação econômica no Caribe, que, segundo disse, é parte integral da recuperação duradoura e desenvolvimento da resiliência. Quarless afirmou que isto exige investimento na produção e na indústria e, portanto, investimento nas pessoas. "Na CEPAL passamos muito tempo promovendo a ideia do planejamento de longo prazo e desenvolvimento de políticas industriais orientadas a identificar novos setores e atores e novas fontes de financiamento. Isto implica a necessidade de melhorar o ambiente empresarial, com uma associação mais dinâmica entre o governo e o setor privado."

A Mesa-Redonda reconheceu que, embora as perspectivas de que o Caribe atenda adequadamente suas necessidades de desenvolvimento tenham sido seriamente limitadas, surgiram novas oportunidades, tanto internacionais como regionais. Estas podem proporcionar um apoio potencial aos esforços da sub-região para encontrar uma recuperação sólida e para ser mais resistente através de associações globais.

Diane Quarless destacou que a primeira área de considerável interesse é a criação de instrumentos de financiamento inovadores para acessar o financiamento do desenvolvimento, especialmente em áreas de necessidade, como as energias renováveis e os seguros de risco. "Incentivamos todos a reconhecerem nossos esforços para o estabelecimento de um Fundo de Resiliência do Caribe, em resposta à necessidade de criar instrumentos que proporcionem financiamento de longo prazo e baixo custo, para assim aliviar a carga do serviço da dívida e as restrições de liquidez que estiveram asfixiando o investimento em inovação e resiliência nos países de renda média fortemente endividados da sub-região", disse.

Na reunião de dois dias estudou-se a possibilidade de realizar uma promoção eficaz, com o fim de aproveitar as fontes de financiamento nacionais em condições favoráveis, e examinou-se a possibilidade de ampliação destes programas para serem eficazes.

Foram debatidas cinco áreas importantes em painéis separados: (1) Vulnerabilidade, dívida e liquidez no Caribe; (2) Vulnerabilidade nos pequenos países de renda média do Caribe; (3) Necessidades de dados e capacidade estatística do Caribe; (4) Associação global para o reposicionamento, a recuperação e a resiliência no Caribe; (5) Reestruturação e diversificação econômica para aprofundar a integração do Caribe na América Latina e na economia global.

O primeiro tema do painel identificou que as questões de vulnerabilidade, dívida e liquidez estão no centro do desafio do Caribe para abordar o desenvolvimento sustentável. Necessita-se urgentemente um financiamento de longo prazo, facilmente acessível para investir na recuperação, na resiliência, na transformação econômica e no crescimento. A resposta proposta pela CEPAL a esta necessidade é o CRF, que assegurará a disponibilidade de recursos para o Caribe para investir em iniciativas de adaptação e mitigação. A CEPAL também iniciou uma série de operações de gestão da liquidez para fazer frente aos crescentes problemas de dívida e liquidez em determinados países. A mesa-redonda proporcionou uma atualização sobre estas iniciativas e seu papel no tratamento das deficiências críticas de recursos na sub-região.

Outro painel debateu o desafio permanente enfrentado pelos países do Caribe para obter um financiamento acessível. Abordou-se o fato de que não se leva suficientemente em conta a incessante exposição destes países às crises exógenas, cuja recuperação demora invariavelmente vários anos. Para compensar isso, a sub-região reconhece o Índice de Vulnerabilidade Multidimensional, criado por um Grupo de Alto Nível encarregado pelo Secretário-Geral, António Guterres.

Outro painel debateu as necessidades de dados e capacidade estatística do Caribe. A produção de dados de qualidade de maneira oportuna e coerente é um desafio para a maioria dos países do Caribe. Este desafio abrange um amplo espectro que inclui a limitada capacidade técnica autóctone, a escassez de conhecimentos estatísticos, a elevada rotatividade de pessoal e o insuficiente financiamento dos escritórios nacionais de estatística. O painel observou que a escassez de estatísticas oficiais na sub-região dificultou inevitavelmente a eficácia dos mecanismos de acompanhamento e medição dos avanços no cumprimento das prioridades nacionais de desenvolvimento. Um exemplo disto é o histórico do Caribe na apresentação de relatórios sobre os ODS, que até agora refletiu uma realidade crua da importante lacuna de dados. Os participantes exploraram suas próprias experiências no ecossistema estatístico do Caribe e propuseram opções para fortalecer a capacidade estatística da sub-região.

A Mesa-Redonda como plataforma para afirmar a importância da solidariedade e da associação mundial para apoiar e fazer avançar as aspirações de desenvolvimento do Caribe foi o centro de outro painel. Os debates giraram em torno da necessidade de aumentar a competitividade, avançar na capacidade tecnológica num mundo mais digitalizado e assegurar o bem-estar de todos. Assinalou-se que, agora mais do que nunca, é necessária uma forte cooperação internacional para garantir que os países tenham os meios necessários para se recuperar dos persistentes impactos pandêmicos e climáticos, ao mesmo tempo que assumem as pesadas obrigações da dívida e do seu serviço.

O último painel indicou que as oportunidades de associação mundial deverão ser complementadas com iniciativas nacionais e intrarregionais, se a sub-região quiser se beneficiar plenamente das circunstâncias cambiantes. Neste sentido, o painel examinou as estratégias destinadas a promover a reestruturação e a diversificação econômica, que são fundamentais para fazer frente aos choques externos negativos. Prestou especial atenção ao fortalecimento de setores como o turismo e a agricultura, levando em conta a necessidade de integrar os jovens e as mulheres nas estratégias de transformação econômica.

No encerramento da reunião, a Ministra Peters expressou seu apoio ao CRF proposto pela CEPAL, já que o descreveu como uma ferramenta para alavancar o financiamento de longo prazo e acessível para fazer frente aos desafios da vulnerabilidade climática e da liquidez limitada. "Gostei especialmente das propostas de reestruturação da dívida e melhoria da liquidez, que serão bem recebidas pelos governos com problemas de liquidez. A importância e o valor do seguro paramétrico proporcionado através do CCRIF SPC para oferecer uma cobertura melhor dos riscos climáticos foi também uma parte muito bem-vinda de nosso diálogo. Tomamos nota de que o CCRIF está inovando na oferta de novos produtos, inclusive seu plano de microsseguros destinado a pequenos agricultores e pescadores para a resposta a impactos".

Entre os participantes da CDR encontravam-se pensadores e profissionais do desenvolvimento regional e internacional, líderes e responsáveis políticos de alto nível dos Estados membros da CEPAL e dos países-membros associados, representantes do sistema das Nações Unidas, de instituições financeiras regionais e internacionais, do mundo acadêmico e da sociedade civil, inclusive o setor privado, assim como outros parceiros do desenvolvimento.