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Turismo e agricultura serão os setores mais afetados pela mudança climática no Caribe

Foto: oHoTos, Flickr

Embora os países do Caribe contribuam com menos de 1% das emissões globais de gases de efeito estufa, estarão entre os primeiros em sofrer as consequências da mudança climática e têm maior probabilidade de enfrentar impactos desproporcionais em suas economias e sociedades.

O estudo La economía del cambio climático en el Caribe, realizado pela Sede Sub-Regional da CEPAL para o Caribe, em Port of Spain (Trinidad e Tobago), em colaboração com o Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID, segundo sua sigla em inglês) e o Centro de Mudança Climática da Comunidade do Caribe (CCCCC, também por sua sigla em inglês), efetuou uma estimativa do impacto econômico da mudança climática na sub-região.

O estudo assinala que a mudança climática chegará a custar aos países do Caribe até 5% do PIB anual, se não forem implementadas ações de mitigação e adaptação.

Indica que a mudança climática representa uma séria ameaça ao desenvolvimento humano sustentável já que impacta negativamente os modos de vida, os ecossistemas, a infraestrutura, a saúde e os setores produtivos. Para os pequenos Estados insulares em desenvolvimento do Caribe a ameaça é ainda mais severa devido às características biofísicas e socioeconômicas destes países, que os tornam especialmente vulneráveis a estes impactos.

Agrega que o turismo, principal atividade econômica de muitos países da sub-região, e a agricultura serão os principais setores afetados. Isto se deve à localização geográfica de muitos dos Estados caribenhos em zona de furacões e à concentração de sua população e infraestrutura econômica nas áreas costeiras.

O aumento da temperatura terá consequências muito negativas para a seguridade alimentar. Segundo o estudo, as previsões de precipitações para o Sul do Caribe indicam uma diminuição das chuvas. Para o Norte do Caribe, por sua vez, prognostica um incremento entre 3 e 11%. Isto terá graves repercussões na produção agrícola, já que em muitas das ilhas a agricultura não tem a predominância do passado e agora dependem mais da importação de alimentos.

A avaliação feita no estudo indica que o setor agrícola representa 30% do emprego no Caribe. O maior impacto da mudança climática nesta área será devido à maior frequência de eventos climáticos extremos, como furacões de grande intensidade e inundações. Como exemplo, se projeta que o sub-setor da cana-de-açúcar na Guiana até 2050 tenha perdas totais de US$300 milhões, considerando um dos cenários prováveis de alta de temperatura anual média no Caribe.

Muitas das ilhas, como Bahamas, Barbados, Antigua e Barbuda, São Vicente e Granadinas, dependem em grande medida do turismo. O estudo indica que com o aumento das temperaturas, os turistas já não desejarão visitar tanto os lugares turísticos como antes. Embora busquem o sol, não querem estar em um ambiente excessivamente quente e se espera uma diminuição das visitas.

Segundo o informe, será suficiente que a temperatura do oceano se incremente 1,5 graus Celsius para que sejam desatadas grandes catástrofes, como a elevação do nível do mar.

Por exemplo, espera-se uma perda de ativos da indústria turística de Barbados de aproximadamente US$4,7 bilhões até 2020 e de US$44,0 bilhões até 2100 devido à subida do nível do mar, dado que 70% da população desse país vivem na costa e a maioria de sua infraestrutura está situada na orla marítima.

Por outro lado, em médio, prevê-se um aumento do aparecimento de enfermidades relacionadas com a alta da temperatura ambiente (dengue, gastrenterite, leptospirose e malária). Com isso aumentarão também os custos associados a seus tratamentos.

Respostas de adaptação

De acordo com o informe da CEPAL, os governos têm três alternativas para enfrentar estes enormes desafios: mitigação, adaptação, ou "nenhuma resposta”.

Recalca que, dado que seu aporte às emissões de gases de efeito estufa é mínimo, a adaptação à mudança climática aparece como a única opção viável para os pequenos Estados insulares em desenvolvimento do Caribe. Por isso recomenda às nações realizar esforços para promover economias de baixa emissão em carbono, enfocando-se na formulação e implementação de políticas e estratégias de adaptação à mudança climática.

Os países já estão tomando medidas de adaptação à mudança climática, com a contribuição deste organismo das Nações Unidas.

Entre as opções que se avaliam encontram-se o que fazer com o setor turístico, como aumentar a disponibilidade de água, ou como elevar a eficiência energética, entre outras.

Também se alerta que diversos estudos confirmam que, nestes países, a mudança climática coloca em risco os avances realizados nas últimas décadas em termos de redução da pobreza e da desigualdade.

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Estudo elaborado pela Sede Sub-Regional da CEPAL para o Caribe ou uma estimativa do impacto econômico da mudança climática na sub-região.

 
 

Um incremento de 1,5 graus Celsius na temperatura do oceano será suficiente para que sejam desatadas grandes catástrofes, como a elevação do nível do mar.