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Ministras e expertos debaterão na CEPAL sobre estatísticas de uso do tempo

Foto: Carlos Vera/CEPAL

Como os homens e as mulheres da América Latina e do Caribe estão distribuindo seu tempo, considerando o trabalho remunerado, os afazeres domésticos e outras atividades cotidianas? Até o momento as estatísticas indicam que, na região, as mulheres estão arcando com uma sobrecarga de trabalho, o que afeta sua autonomia econômica e suas possibilidades de desenvolvimento.

Este tema, muitas vezes invisível no debate público, será abordado no seminário Políticas de tiempo, tiempo de las políticas que se realizará na terça-feira, 29 e na quarta-feira, 30 de novembro na sede da CEPAL em Santiago, no âmbito da Quadragésima sexta reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, a ser inaugurada na segunda-feira, 28.

Ao seminário internacional assistirão ministras e autoridades da Mulher de países latino-americanos e caribenhos e especialistas em assuntos de gênero, que compartilharão experiências internacionais, regionais e nacionais da utilização de estatísticas de uso do tempo para a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas.

"Cremos que agora é o momento das políticas sobre o uso do tempo. Os países começam a medir a carga de trabalho remunerado e não remunerado em suas sociedades. Saber, por exemplo, que porcentagem do PIB corresponde ao trabalho doméstico não remunerado é um aspecto crucial", explicou Sonia Montaño, Diretora da Divisão de Assuntos de Gênero da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

As pesquisas de uso do tempo permitem medir a quantidade de horas investidas por homens e mulheres no trabalho remunerado e nos afazeres domésticos e de cuidado. Até agora 18 países da região empreenderam uma ou mais iniciativas deste tipo, por meio de seus institutos nacionais de estatística (INE).

"Há inclusive quatro países da região que puseram o uso do tempo como prioridade máxima em suas políticas, isto é, em nível constitucional. A CEPAL está trabalhando no desenvolvimento de estatísticas de gênero para medir o uso do tempo de homens e mulheres", indicou Montaño.

No seminário participarão destacadas expertas, como a reconhecida pesquisadora indiana Devaki Jain, a socióloga espanhola María Ángeles Durán, do Instituto de Economia, Geografia e Demografia do Centro de Ciências Humanas e Sociais da Espanha, e a Diretora do Programa Igualdade de Gênero e Economia do Instituto Levy dos Estados Unidos, Rania Antonopoulos.

Durante a reunião da Mesa Diretiva, os países apresentarão um informe sobre as últimas iniciativas desenvolvidas em nível nacional para o cumprimento do Consenso de Brasília e as atividades planejadas para 2012.

O Consenso de Brasília foi adotado durante a Décima Primeira Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe realizada em julho de 2010 na capital brasileira. Considera oito grandes dimensões para a ação. A primeira delas indica o compromisso de "Conquistar maior autonomia econômica e igualdade na esfera do trabalho".

A Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe é um órgão subsidiário da CEPAL, da qual participam autoridades de alto nível encarregadas dos temas relativos à situação das mulheres e às políticas dirigidas a velar pela equidade de gênero nos países da região.

A atual Mesa Diretiva da Conferência Regional está chefiada pelo Brasil, na Presidência. As vice-presidências são exercidas por Antigua e Barbuda, Argentina, Barbados, Chile, Cuba, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Jamaica, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela. A Relatoria está em mãos do México.

No âmbito do seminário internacional, o Observatório da igualdade de gênero da América Latina e Caribe, uma iniciativa interinstitucional onde a CEPAL atua como Secretaria Técnica, apresentará seu informe anual 2011, que estará centrado principalmente nos avances da autonomia das mulheres e na institucionalidade de gênero na Ibero-América.


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  As estatísticas indicam que, na região, as mulheres estão arcando com uma sobrecarga de trabalho, o que afeta sua autonomia econômica e suas possibilidades de desenvolvimento.
 
 
  Até agora 18 países da região empreenderam, por meio de seus institutos nacionais de estatística, uma ou mais iniciativas de medição do uso do tempo.