Descrição
Este estudo apresenta um panorama do comportamento ambiental do setor empresarial no país, com foco na área industrial, demonstrando como as empresas têm buscado compatibilizar crescimento econômico em harmonia com o meio ambiente e a promoção da qualidade de vida das pessoas. Para tanto, utilizando-se de algumas estatísticas ambientais, foram caracterizados os principais investimentos e gastos em meio ambiente realizados pelo Setor e examinadas outras ações desenvolvidas que consideram, como diferencial de competitividade e acesso a novos mercados, o fomento a modelos de gestão empresarial que tenham entre seus objetivos a qualidade nas relações e a "sustentabilidade sócio-econômicoambiental".
Deve-se destacar, porém, que as estatísticas ambientais existentes hoje no Brasil são coletadas em fontes dispersas, utilizandose de diferentes conceitos e métodos. Desta forma, existe ainda a carência de uma base de dados atualizada periodicamente, representativa e compatível com a aplicação de classificações ambientais.
Ainda assim, pode-se observar que as empresas têm adotado práticas que ao mesmo tempo em que torna um determinado processo produtivo menos poluente, gera ganhos consideráveis em produtividade e resultados financeiros positivos. As grandes empresas são mais visíveis e por isto mesmo, estão investindo mais em programas e técnicas de gestão ambiental. Neste caso, não importa muito se o capital é estrangeiro ou nacional, a pressão que sofrem para a adoção de políticas ambientalmente corretas vem, antes de mais nada, da própria legislação. Entretanto, a legislação ambiental em vigor no país carece de um sistema eficiente de regulação que não implique em incertezas, elevação do risco empresarial e bloqueio de decisões de investimentos. Há, também, a necessidade de estimular o desenvolvimento de políticas de incentive aos pequenos e médios empresários, que na maioria das vezes não conseguem arcar com os custos de um licenciamento ambiental, funcionando muitas vezes de forma irregular. Uma análise dos motivos que levam a investimentos em meio ambiente demonstram que o fator econômico tem um peso significativo na tomada de decisão. Os dados obtidos acabam porconfirmar o sentimento de que os investimentos são feitos em atendimento a uma política ambiental de comando e controle, altamente restritiva. Num segundo momento porém vem, então, uma visão de competitividade. Mas, assim como em atendimento a legislação ambiental, a relação meio ambiente e competitividade acaba, também, por ocorrer devido a motivos econômicos.
Apesar da carência de uma série histórica, os dados existentes permitem algumas aproximações. Como não foram identificados novas informações, este estudo optou por uma releitura dos resultados apresentados pela CEPAL, durante a Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável - Rio +10, através da publicação "Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável na América Latina e Caribe - de Monterrey a Joanesburgo", chegando a estimativas de R$ 1,5 bilhão (U$ 1,24 bilhões); para o ano de 1998 e R$ 1,6 bilhão (U$ 1,32 bilhões); para o ano de 1999 de gastos ambientais realizados pelo setor industrial brasileiro no período; com projeção de R$ 3,2 bilhões (U$ 1,3 bilhões); no período 2000/2001. Com isto, os percentuais de gastos ambientais, no mesmo período, chegariam a, aproximadamente, 1% do PIB industrial.
Por outro lado, há de se considerar, também, a adoção dos conceitos de responsabilidade social. O crescimento da divulgação eficiente dos princípios adotados e das práticas socialmente responsáveis das indústrias vem propiciando um auto-benefício, aumentando sua competitividade e contribuindo para a construção de uma sociedade melhor. Na prática há uma profunda interligação entre o conceito de responsabilidade social e o de desenvolvimento sustentável ao se examinar as dimensões econômica, social, ambiental e institucional. Deve-se atentar, que responsabilidade social é uma prática anterior ao próprio conceito de desenvolvimento sustentável. É verdade que durante muito tempo se resumia a práticas assistencialistas. Hoje as ações se mostram ampliadas, investindo no ambiente interno e externo das empresas. Ainda assim, apesar dos grandes esforços, as ações de responsabilidade social ainda se mostram isoladas, assistemáticas e muitas vezes conjunturais. A sua gradual sistematização será uma variável estratégica importante para as empresas. Esta, porém, deve ser melhor caracterizada como uma ação de parceria devendo apenas ser complementar e não substitutiva as ações de governo.
Pode-se concluir que existem vários avanços em legislação ambiental e nos modelos de gestão ambiental adotados pelas empresas brasileiras. Há também ótimas oportunidades de negócios surgindo com o estabelecimento de um mercado de commodities ambientais. Permanece porém, dificuldades de implementação de instrumentos legais e institucionais. Aponta-se, também, para a necessidade de sistematização dos dados referentes a investimentos e gastos ambientais pelo setor empresarial e sua organização e internalização no sistema de contas nacionais do país.