Descrição
A América do Sul é palco, nos últimos anos, de um processo de revisão crítica das políticas econômicas adotadas na região na década de 90. Isso tem implicações para as iniciativas de integração econômica que proliferaram, naquele período, no marco do que se denominou o regionalismo aberto. Emerge hoje, através de projetos bastante heterogêneos como a CSAN e a ALBA, um regionalismo pós-liberal na região. Característica essencial dessa modalidade de regionalismo é o fato de estar vinculado a uma crítica ampla ao paradigma liberal que inspirava as iniciativas de integração intra-regionais durante os anos 90, mas também grande parte da agenda doméstica de política econômica nos países da região. O ressurgimento do nacionalismo econômico como matriz de políticas e a "politização" das agendas econômicas externas de vários países da região são conseqüências diretas daquela característica que tipifica o fenômeno do regionalismo pós-liberal na América do Sul. Esse oscila entre uma agenda integracionista de cunho "desenvolvimentista" —que tem dificuldades para lidar com a agenda da liberalização comercial— e uma agenda claramente anti-liberal e de formação de coalizões de países afins ideologicamente. Nessas circunstâncias, a convivência entre experiências de integração dos anos 90 e iniciativas típicas da corrente década tende a ser difícil. Os cenários que se desenham para a integração sulamericana não podem ser, nesse quadro, muito otimistas. Num quadro de forte "politização" das agendas de política comercial e dos projetos de integração, dificilmente ocorrerá algum tipo de articulação virtuosa entre a herança integracionista dos 90 e as novas iniciativas. O paradoxo dessa situação é que fatores objetivos e políticos fazem hoje com que a agenda intra-regional se torne cada vez mais relevante e diversificada para os países da região.""