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Quito, Cuenca e Cidade do Panamá tiveram migração líquida positiva na última década, enquanto a Cidade do México e Guayaquil registraram um saldo migratório negativo, de acordo com um estudo publicado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) que analisa o atrativo migratório de oito cidades latino-americanas e seu impacto na expansão periférica.
A pesquisa incluida na Revista Notas de Población N° 96, publicada com o título "A migração interna nas grandes cidades da América Latina: efeitos sobre o crescimento demográfico e a composição da população", foi realizada pelo sociólogo e demógrafo Jorge Rodríguez, Assistente de Pesquisa do Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia (CELADE)-Divisão de População da CEPAL.
Para elaborar este estudo foram utilizadas as bases de microdados dos três primeiros países da região que tiveram disponíveis os dados da rodada de censos de 2010 e que também haviam realizado esses registros na década de 2000: Equador, México e Panamá.
As cidades analisadas foram Cuenca, Guayaquil e Quito, Cidade do México, Guadalajara, Monterrey e Tijuana e Cidade do Panamá, respectivamente. Todas estão entre as principais cidades dessas nações.
O estudo sublinha que as metrópoles estão experimentando um conjunto de mudanças de ordem estrutural e funcional, como a reconfiguração de uma forma mais compacta para outra mais difusa, a constituição de regiões metropolitanas ampliadas e a transformação de cidades monocêntricas em cidades policêntricas.
Em meio a estas transformações, os dados dos censos de 2010 revelam uma situação mista quanto ao atrativo migratório das grandes cidades, embora a comparação entre os dados censitários das rodadas de 2000 e de 2010 sugira uma tendência à redução deste atrativo e até mesmo a passagem à condição de emigração líquida em algumas cidades.
Ao desenvolver esta análise, destaca-se a importância que a definição político-administrativa da cidade (e, portanto, de seus limites) tem na estimativa de seu atrativo migratório, já que em vários casos o uso de uma ou outra definição no cálculo do saldo migratório pode dar resultados muito diferentes.
Esta pesquisa desagrega os dados até o nível das divisões administrativas menores (DAME), denominadas cantões e paróquias no Equador, municípios ou delegações no México e distritos no Panamá. Segundo a explicação dada, algumas definições das cidades excluem as DAME periféricas, onde se produz a suburbanização, e, portanto, não captam a verdadeira expansão da cidade.
Por isso, esta análise usa duas definições territoriais de cada cidade. Uma delas, curta, capta a mancha urbana em 2000 - quer dizer, a área ocupada pela população de uma cidade - e outra, ampliada, é obtida ao observar a expansão dessa mancha em 2010 e considerar esses novos territórios como parte da cidade. Com estas definições, o autor realiza comparações retrospectivas de cada caso.
Somente duas das oito cidades examinadas, Cidade do México e Guayaquil, "inquestionavelmente" expulsaram população em 2010, já que registram um saldo migratório negativo ao aplicar ambas as definições.
Monterrey, Guadalajara e Tijuana apresentam um saldo migratório negativo, se considerarmos a definição territorial curta; mas, quando se utiliza a definição ampliada, as três têm saldos positivos, o que sugere um processo de suburbanização importante na década de 2000.
Por sua vez, Quito, Cuenca e Cidade do Panamá registram uma migração líquida positiva nas duas definições, o que as converte em cidades "indiscutivelmente atrativas", sublinha Rodríguez.
O estudo também apresenta uma metodologia para estimar o efeito da migração na composição por sexo, idade e educação das cidades. Seus resultados mostram que a migração tende a potenciar o bônus demográfico - porque as cidades ainda exercem um atrativo especial para a população jovem (15 a 29 anos), cuja chegada aumenta a representação da população em idade de trabalhar - mas, por outro lado, tende a reduzir ligeiramente seu nível educativo.
Neste último ponto, o estudo indica que esta diminuição se deve não tanto à imigração, mas à emigração, já que as pessoas que abandonam estas cidades têm uma média de educação superior às que ficam nelas. Em todo caso, a grande maioria desses emigrantes não se dirige ao campo para dedicar-se a atividades rurais, mas em geral se transfere a outras cidades ou a subúrbios que estão vinculados às cidades, mas que ficam fora de suas definições territoriais mais amplas.