Comunicado de imprensa
O Secretário Executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), José Manuel Salazar-Xirinachs, participou dos “Diálogos sobre o futuro do Uruguai”, onde reiterou a importância das políticas de desenvolvimento produtivo como catalisadoras de uma inserção econômica internacional de maior qualidade, especialmente nas economias pequenas, e de um melhor futuro da produção e do trabalho nos países da região.
O alto funcionário das Nações Unidas foi um dos oradores principais nos dois eventos realizados em Montevidéu, durante os “Diálogos sobre o futuro do Uruguai”. O primeiro sobre a inserção econômica internacional do país sul-americano, e o segundo sobre o futuro da produção e do trabalho do Uruguai (condições atuais, desafios presentes e perspectivas), ambos organizados pelo Escritório das Nações Unidas no Uruguai (ONU Uruguai), com a colaboração da CEPAL e do Escritório Regional para o Cone Sul da América Latina da Organização Internacional do Trabalho (OIT Cone Sul).
No primeiro diálogo, sobre “inserção econômica internacional”, José Manuel Salazar-Xirinachs participou junto com Pablo Ruiz-Hiebra, Coordenador Residente das Nações Unidas no Uruguai; Nicolás Albertoni, Subsecretário de Relações Exteriores do Uruguai; e Rebeca Grynspan, Secretária-Geral da UNCTAD (via vídeo), entre outras personalidades.
Destacou que o comércio e os fluxos de Investimento estrangeiro direto (IED) são dois grandes motores do crescimento e do desenvolvimento, especialmente no caso de economias pequenas como as do Uruguai e Costa Rica (país de origem do Secretário Executivo da CEPAL).
“A inserção de economias pequenas na economia internacional pode dinamizar o crescimento e pode ser muito transformacional, mas o padrão de desenvolvimento resultante depende não só de como se oriente e conduza o processo de inserção internacional, mas também de como se complemente com políticas internas de desenvolvimento do talento humano, de infraestrutura, de desenvolvimento territorial, de desenvolvimento social, para mencionar somente as principais”, explicou.
Uma inserção internacional de qualidade não é somente um assunto de comércio e de investimento, mas também um desafio mais amplo de desenvolvimento produtivo e de sofisticação tecnológica de cada país, advertiu.
“Uma inserção internacional de qualidade é um desafio mais amplo de desenvolvimento produtivo e de sofisticação tecnológica de cada país, porque para melhorar a inserção é preciso mudar padrões de especialização e aumentar a complexidade econômica das exportações. Por isso, a CEPAL insiste na importância das políticas de desenvolvimento produtivo, complementadas por políticas de ciência e tecnologia e de talento humano. É essencial que os países apostem numa variedade de setores impulsores e dinamizadores”, ressaltou Salazar-Xirinachs.
Recordou que a CEPAL recomenda uma lista de 14 setores dinamizadores que incluem as energias renováveis, a bioeconomia, a economia circular, os setores farmacêuticos e de ciências da vida, o de dispositivos médicos, os serviços modernos habilitados pela internet, a transformação digital, o turismo sustentável, a gestão sustentável da água, a agricultura para a segurança alimentar, a sociedade do cuidado e outros.
Numa apresentação realizada no painel “Principais desafios de inserção econômica em um contexto internacional de incerteza”, o Secretário Executivo da CEPAL indicou que as políticas de desenvolvimento produtivo são essenciais porque é nelas que se encontram as ferramentas para influir sobre o nível e direção do crescimento econômico, para torná-lo mais alto, sustentado, inclusivo e sustentável.
“Uma agenda de desenvolvimento produtivo sustentável e inclusivo implica sofisticação, diversificação e mudança estrutural virtuosa da estrutura produtiva como veículo para aumentar a produtividade e atingir níveis mais altos de prosperidade”, ressaltou.
No segundo diálogo, sobre “o futuro da produção e do trabalho”, o Secretário Executivo da CEPAL realizou uma exposição sobre “Tendências na Produção e no Trabalho: Dimensões globais, contexto regional e oportunidades para o Uruguai”. No evento participaram também Pablo Ruiz-Hiebra, Coordenador Residente das Nações Unidas no Uruguai; Rodrigo Goñi, Deputado, Presidente da Comissão de Futuros do Parlamento do Uruguai; e Pablo Mieres, Ministro do Trabalho e Seguridade Social do Uruguai, entre outros especialistas e representantes do setor empresarial, academia e organismos da ONU (como a OIT).
Em sua conferência, José Manuel Salazar-Xirinachs assinalou quatro fatores de mudança no mundo do trabalho: a demografia, a revolução tecnológica, os novos modelos de negócios e formas de contratação e o ritmo do crescimento econômico e do desenvolvimento produtivo. Sobre este último indicou que a América Latina e o Caribe estão ficando para trás com lacunas de produtividade que aumentam em vez de diminuir. “Há grandes diferenças de produtividade entre setores e regiões: ali se arraigam tanto a informalidade como a desigualdade”, advertiu.
“O futuro do trabalho depende do futuro da produção e vice-versa. Trata-se de construir capacidades nas economias e sociedades para produzir bens e serviços tecnologicamente mais sofisticados”, ressaltou o Secretário Executivo da CEPAL.
Neste âmbito, assinalou que a CEPAL propõe seis linhas de ação para construir um melhor futuro da produção e do trabalho: 1) Criar e fortalecer espaços para pensar e atuar coletivamente com visão prospectiva de longo prazo; 2) Nova Agenda de Talento Humano: Grande revolução em educação; 3) Desenvolver uma agenda ambiciosa de políticas de desenvolvimento produtivo para promover um crescimento mais alto, sustentado, inclusivo e sustentável; 4) Acelerar a transformação digital; 5) Apoiar as transições laborais e proteger os trabalhadores mediante a reformulação e fortalecimento das instituições e regulações do mercado de trabalho e da proteção social; e 6) Enfrentar as consequências da mudança demográfica.