Parlamentares avançam em uma agenda comum rumo à COP30 durante a II Cúpula de Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe

8 Ago 2025 | News

Brasília foi sede de encontro que reuniu legisladores de mais de 15 países.

Fotografía grupal oficial de la cumbre.

Legisladores de mais de 15 países avançaram em uma agenda comum rumo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), durante a II Cúpula Parlamentar de Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe, realizada nos dias 6 e 7 de agosto no Congresso Nacional do Brasil.

O encontro marcou um passo decisivo para a construção de uma voz regional unificada em direção à COP30, que será realizada em novembro, em Belém do Pará, a primeira a acontecer em território amazônico.

A Cúpula foi organizada pelo Observatório Parlamentar de Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe (OPCC), uma plataforma interparlamentar impulsionada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que reúne legisladores comprometidos com a ação climática na região. O OPCC atua como rede de cooperação interparlamentar, repositório legislativo e espaço de articulação para posicionamentos comuns nos principais fóruns internacionais. A realização do evento contou com o apoio de aliados estratégicos como as organizações Plataforma CIPÓ, Climate Parliament e o Clima de Eleição.

A sessão solene de abertura contou com a presença do Embaixador André Corrêa do Lago, Presidente da COP30; do Senador brasileiro Jaques Wagner, cofundador do OPCC; do Deputado Federal Nilto Tatto; e do Secretário Executivo Adjunto da CEPAL, Javier Medina Vásquez.

Durante sua intervenção, o Embaixador Corrêa do Lago ressaltou a trajetória dos esforços multilaterais desde a Cúpula da Terra e destacou os avanços científicos relacionados à mudança do clima.

“É um processo que exige melhorias constantes. Desde a Rio-92, houve uma grande transformação da ciência e dos impactos econômicos. A lógica tem sido destacar a responsabilidade histórica dos países desenvolvidos e, ao mesmo tempo, reconhecer as necessidades dos países em desenvolvimento”, afirmou.

Sobre a COP30, sublinhou seu caráter inédito: “Contará com uma cúpula de líderes e, em seguida, haverá dias de negociações, em paralelo a uma agenda de ação que incluirá mais de 350 reuniões com atores não estatais: empresários, academia, sociedade civil. Permitirá que todos possam contribuir de maneira incrível”, declarou.

Por sua vez, o senador Jaques Wagner, cofundador do OPCC, convocou os legisladores a assumirem o protagonismo na luta contra a crise climática, ressaltando que “a liderança real vai além dos números; fundamenta-se em uma visão que coloca a vida no centro e reconhece que não há futuro sustentável sem justiça social”.

O Secretário Executivo Adjunto da CEPAL, Javier Medina Vásquez, destacou que foi precisamente no Senado brasileiro que surgiu, em 2021, a proposta de criação do OPCC.

“A COP30 pode ser uma oportunidade para reconhecer o potencial de que os países da América Latina e do Caribe sejam atores relevantes na provisão de tecnologias e soluções de baixo carbono, resilientes e sustentáveis”, afirmou.

Durante a sessão inaugural, os parlamentares latino-americanos e caribenhos entregaram ao Embaixador André Corrêa do Lago uma carta que expressa o apoio e o compromisso dos legisladores da região com a COP30.

A Audiência Pública da Comissão de Meio Ambiente do Senado, presidida pelo Senador Fabiano Contarato, foi outro momento marcante do primeiro dia. À tarde, os painéis temáticos abordaram os cinco pilares da ação climática propostos pela Presidência brasileira da COP30 – mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e fortalecimento de capacidades – assim como o papel dos legisladores nesse processo. Foi destacada a importância do “mutirão global” como metáfora da ação coletiva que une diferentes setores e países em prol de um futuro comum.

O segundo dia contou com uma apresentação keynote do Secretário Executivo Adjunto da CEPAL, Javier Medina Vásquez, que aprofundou os desafios estruturais enfrentados pelos países da América Latina e do Caribe e que limitam seu desenvolvimento sustentável.

Durante sua intervenção, o alto funcionário do organismo regional das Nações Unidas apontou a necessidade de uma transição socioambiental justa como resposta integral à tripla crise global: climática, da biodiversidade e da desigualdade social.

Afirmou que, para além da adoção de tecnologias, a CEPAL propõe a gestão das transformações dos sistemas produtivos, sociais e institucionais que garanta o desenvolvimento produtivo, inclusivo e sustentável.

“Para navegar essa mudança sistêmica, propõe-se a governança antecipatória como ferramenta metodológica e política fundamental, permitindo às sociedades passarem da reação para o planejamento proativo, inclusivo e resiliente”, destacou.

Acrescentou ainda que a implementação da governança antecipatória requer um conjunto de capacidades institucionais, denominadas capacidades TOPP (Técnicas, Operacionais, Políticas e Prospectivas), cruciais para a gestão das transformações de que a região necessita.

Em seguida, Camila Gramkow, Diretora interina do Escritório da CEPAL em Brasília, apresentou os avanços do OPCC, destacando seu papel como ponte entre o conhecimento técnico e a ação legislativa. Ressaltou que a plataforma se consolida como espaço colaborativo para traduzir a ambição climática em resultados concretos.

A apresentação de Camila Gramkow foi seguida por intervenções de Mariana Rondón (Plataforma CIPÓ) e Lilia Chanaoui (Climate Parliament), que reforçaram o papel dos parlamentos em traduzir a ambição climática em ação legislativa.

Nas sessões de diálogo, os parlamentares compartilharam experiências legislativas, desafios locais e boas práticas para enfrentar a crise climática a partir de seus contextos nacionais. Foi um espaço de intercâmbio plural que refletiu a diversidade de enfoques existentes na região e o compromisso comum de avançar em soluções concretas. Ao longo das sessões, os legisladores apresentaram ideias e prioridades que poderão orientar a construção da Declaração Conjunta do OPCC para a COP30.

Durante o ato de encerramento, a deputada brasileira Célia Xakriabá fez um firme chamado a não retroceder na legislação ambiental, destacando que os povos indígenas devem ocupar um lugar central na agenda climática.

Reafirmou ainda o compromisso dos parlamentares com o enfrentamento da crise climática e a necessidade de avançar rumo a uma transição justa que inclua a todos, sublinhando que “clima é uma palavra feminina”, em alusão à importância de incorporar a perspectiva de gênero nesse processo.

O deputado Nilto Tatto, por sua vez, sublinhou o papel do OPCC e da CEPAL como pontes técnicas para apoiar a ação parlamentar frente aos desafios climáticos. Reiterou o compromisso de construir, de forma coletiva, uma Declaração Conjunta que será apresentada oficialmente durante a COP30.

A II Cúpula Parlamentar de Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe reafirmou o papel do OPCC como espaço chave para o diálogo político, o intercâmbio legislativo e a articulação de uma voz regional comum, orientada a impulsionar um desenvolvimento mais justo, inclusivo e sustentável rumo à COP30 e além.

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