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O governo do Uruguai apresentou sua Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2050, que estabelece as bases para que esse país se encaminhe a um desenvolvimento sustentável, numa cerimônia realizada em Montevidéu na qual participou a Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena.
A Estratégia agrupa um conjunto extenso de oportunidades de longo prazo para o país, que foram elaboradas com a colaboração de especialistas provenientes de organismos estatais, câmaras empresariais, organizações sociais e sindicais, academia e organismos internacionais, entre eles a CEPAL.
As conclusões são articuladas com a construção de políticas de curto e médio prazo em temáticas produtivas.
A apresentação do documento foi feita por Álvaro García, Diretor do Escritório de Planejamento e Orçamento do Uruguai, Alicia Bárcena, Secretária Executiva da CEPAL, Enrique Iglesias, Presidente da Fundação AstUr, e Luis Enrique García, copresidente do Conselho Ibero-Americano para a Produtividade e Competitividade.
Durante a cerimônia, a Secretária Executiva da CEPAL felicitou o Governo do Uruguai pelo importante passo de construir uma Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2050 “e por demonstrar que é possível empurrar o horizonte temporal de nossas visões para um futuro possível e desejável para nossos países de um desenvolvimento com maior igualdade e sustentabilidade”.
Acrescentou que o planejamento hoje ultrapassa fronteiras. “Temos que entender o que está acontecendo no âmbito regional e global, e como alcançamos a Agenda 2030, que está influenciando todos os países, para poder incorporar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no planejamento e no orçamento”, afirmou.
Alicia Bárcena assinalou que o planejamento do século XXI está associado ao pensamento crítico, à construção de densidade nacional, a que a abertura ao comércio e ao mundo financeiro não seja incondicional. “Isto exige consensos e pactos políticos”, asseverou.
Além disso, reafirmou que a igualdade não é só um princípio ético, de justiça e de direitos, mas também um fator de eficiência econômica, e instou a acabar com a cultura dos privilégios que naturaliza a desigualdade na região.
A alta funcionária das Nações Unidas afirmou: “Hoje, inclusive os mais ortodoxos reconhecem que é preciso igualar para crescer, que não basta crescer para igualar, porque é a única maneira em que vamos obter um crescimento sustentável e sustentado, com emprego digno, bem-remunerado, com acesso à seguridade social”.
Destacou que a CEPAL está desenvolvendo o conceito de Rodstein e Rodan (1960) do “grande impulso”, aplicando-o à sustentabilidade ambiental, para com isso gerar um “grande impulso ambiental” como estratégia de crescimento econômico consistente na articulação de um grande número de investimentos públicos e privados que devem ser realizados de maneira simultânea em setores estratégicos, como energia, transporte e reflorestamento produtivo, entre outros.
“Esse impulso pode adotar diversas formas e basear-se em instrumentos de diversa índole, desde o financiamento subsidiado e os incentivos fiscais até a regulação dos padrões tecnológicos e o fomento à formação de capital. É uma proposta de crescer distinta, com inclusão, igualdade e sustentabilidade”, assinalou.
Álvaro García, por sua vez, destacou o esforço coletivo realizado durante o processo de elaboração da Estratégia e sublinhou sua convicção de que não existem mudanças profundas sem ter um sonho coletivo numa sociedade.
“Com este documento que apresentamos hoje, não pretendemos encerrar um debate, mas, pelo contrário, abri-lo. Devemos construir o futuro entre todos e o mais importante é construí-lo desde já”, afirmou.
Enrique Iglesias valorizou o processo uruguaio e asseverou: “O mundo enfrenta hoje grandes desafios, e muitas das instituições em que nos baseamos nos últimos 50 anos começam a fracassar”.
Contudo, afirmou, o Uruguai conta com as condições para poder implementá-lo.
Luis Enrique García destacou: “O desenvolvimento não são partes isoladas, o desenvolvimento é um conjunto de elementos que têm a ver com o equilíbrio macroeconômico, a eficiência, a equidade e o equilíbrio ambiental”.
No âmbito de sua visita ao Uruguai, a Secretária Executiva da CEPAL comandou a XVI Conferência de Ministros e Chefes de Planejamento e a XVII Reunião do Conselho Regional de Planejamento, realizadas de 28 a 30 de agosto em Montevidéu.