Escola de Governo e Desenvolvimento Maria da Conceição Tavares celebrou sua Etapa Chile com apresentações e diálogos de alto nível sobre o desenvolvimento na América Latina

2 Out 2025 | News

Trata-se de uma iniciativa conjunta da CEPAL, do BNDES e da ABC.

participantes en la reunión

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) acolheu, nos dias 29 e 30 de setembro, em sua sede em Santiago, a Etapa Chile da primeira edição da Escola de Governo e Desenvolvimento Maria da Conceição Tavares, iniciativa realizada em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com o apoio da Open Society Foundations (OSF) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), que busca fortalecer as capacidades estratégicas da região para avançar rumo a um modelo de desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável.

A abertura foi conduzida pelo Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, acompanhado por Camila Gramkow, Diretora a.i. do Escritório da CEPAL em Brasília, e Gabriel Aidar, Superintendente da Área de Planejamento e Pesquisa do BNDES.

José Manuel Salazar-Xirinachs celebrou a parceria com o BNDES e a ABC, que possibilitou a construção de uma “Escola de Governo com uma perspectiva latino-americana”, descrita por ele como um “projeto visionário” no atual contexto geopolítico global. Em uma mesa-redonda de diálogo realizada na Sala Raúl Prebisch, a principal autoridade da CEPAL conversou com as e os alunos da Escola sobre temas como a urgência de superar as armadilhas que impedem o desenvolvimento da região, a aposta por uma nova geração de políticas de desenvolvimento produtivo, os desafios da inteligência artificial e os crescentes desafios da governança participativa na América Latina, entre outros. 

A atividade foi conduzida por Gabriel Aidar, que estimulou a interação e o debate entre os participantes. Para Aidar, “o lançamento da primeira edição da Escola representa um marco na retomada da parceria histórica entre o BNDES e a CEPAL. A iniciativa cumpre um papel fundamental ao aproximar os bancos de desenvolvimento e os gestores públicos da região, criando um espaço dedicado a pensar soluções inovadoras e adaptadas às necessidades latino-americanas”. Camila Gramkow, por sua vez, instou as e os alunos a cultivarem um espírito crítico, propositivo e vanguardista, ressaltando que a Etapa Chile da Escola tinha como objetivo propiciar um espaço de intercâmbio frutífero com alguns dos principais referentes do pensamento sobre desenvolvimento na América Latina. 

Em seguida, Stephany Griffith-Jones, Vice-Presidenta do Banco Central do Chile, ministrou uma aula magna em que abordou a necessidade de avançar para um novo modelo de desenvolvimento, discutindo oportunidades para a América Latina e o Caribe. A economista destacou que, apesar do baixo crescimento econômico, a região ocupa uma posição privilegiada no cenário global graças a seus recursos estratégicos para a transição verde, como lítio, cobre, hidrogênio verde e terras raras. Essa “bênção de recursos”, disse, traz o desafio de canalizar tais recursos de forma a contribuir para gerar maior crescimento e uma dinâmica de desenvolvimento sustentável. “Devemos impulsionar encadeamentos produtivos, ampliar o valor agregado dos novos setores com uma ativa e coordenada participação dos setores público e privado”, afirmou Griffith-Jones.

A segunda jornada contou com uma aula magna de Michelle Bachelet, ex-Presidenta do Chile e Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos (2018–2022), que advertiu: “Vivemos tempos de mudanças aceleradas: a crise climática nos obriga a repensar, enquanto a revolução tecnológica transforma a maneira como nos informamos e nos relacionamos. Esses fenômenos se refletem em nossas comunidades e economias, e a América Latina não está à margem, mas os experimenta com especial intensidade”.

Bachelet identificou três grandes desafios para a democracia na região. O primeiro é a crise de confiança institucional, diante da qual enfatizou que “a inclusão social e a igualdade devem estar no centro para que a democracia seja sustentável”. O segundo desafio é o da governança, que requer maior eficácia e abertura para responder às demandas cidadãs. Nesse marco, fez um chamado a fortalecer a integração latino-americana e a revitalizar a cooperação internacional: “O multilateralismo é fundamental para a construção de consensos. Por isso, é essencial revitalizar as Nações Unidas para que possam desempenhar plenamente esse papel”, apontou. Por fim, assinalou que o terceiro desafio é aprofundar o vínculo entre democracia e desenvolvimento, sublinhando que ambos são inseparáveis para garantir sociedades mais justas e sustentáveis na região. Após a sessão, foi realizada uma mesa de conversa entre Bachelet e as e os alunos da Escola, com a moderação de Marilia Marcato, Assessora da Presidência do BNDES.

Ainda durante o segundo dia do evento, Luiz Daniel Willcox, Chefe de Departamento de Análise e Avaliação de Política do BNDES, ressaltou que a Escola nasceu com a proposta de oferecer uma análise não convencional do tema do desenvolvimento, levando em conta as especificidades da América Latina, indo além da teoria e fornecendo instrumentos práticos para profissionais que atuam em temas de financiamento e desenvolvimento. Camila Gramkow, Diretora a.i. do Escritório da CEPAL em Brasília, por sua vez, recordou o histórico da cooperação CEPAL-BNDES, sublinhando que o Centro de Desenvolvimento Econômico CEPAL-BNDE (1960-1967) surgiu no Rio de Janeiro em um contexto em que o Brasil ainda não contava com um aparato estatal consolidado de governança de planejamento e das políticas de desenvolvimento e que, sete décadas depois, é tempo de revisitar essa trajetória, ao mesmo tempo em que, em paralelo, se discute a necessidade de uma nova arquitetura financeira e de governança multilateral. Ambas as intervenções ressaltaram a contribuição decisiva de Aloizio Mercadante, Presidente do BNDES, cuja visão foi fundamental para a criação da Escola, ideia que foi abraçada de imediato pelo Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs e que permitiu a retomada dessa cooperação na atualidade.

Ao longo da Etapa Chile, as e os alunos da Escola participaram de 12 sessões simultâneas de apresentação e debate de artigos por eles desenvolvidos, organizadas em torno dos eixos temáticos da capacitação. Os trabalhos abordaram temas como padrões de especialização e inserção externa, o papel dos bancos de desenvolvimento, igualdade de gênero e sustentabilidade, bem como transformação produtiva, inovação e financiamento, entre outros. Os melhores artigos elaborados pelos participantes serão selecionados para uma publicação conjunta da CEPAL e do BNDES.

A Etapa Chile constituiu um espaço plural de formação e diálogo, no qual gestores públicos e especialistas compartilharam visões e propostas para superar os desafios estruturais da América Latina, reafirmando a cooperação histórica entre a CEPAL e o BNDES.

A primeira edição da Escola incluiu três etapas complementares, que combinaram aulas magnas, conferências temáticas, oficinas instrumentais e debates sobre temas contemporâneos do desenvolvimento. As duas primeiras foram a Etapa Brasil, realizada de 9 a 13 de junho, e a Etapa online, realizada de 4 de julho a 12 de setembro. A turma da primeira edição contou com a participação de 66 alunos e alunas, provenientes de dez países da América Latina, em sua maioria servidores públicos dedicados a temas de financiamento ao desenvolvimento. A Escola homenageia a economista e pensadora cuja obra exerceu profundo impacto político e social na América Latina, consolidando-a como uma das intelectuais mais influentes da região e uma referência fundamental na formação de gerações comprometidas com a transformação da realidade.

Olhando adiante, foi anunciado que, em 2026, será realizada a segunda edição da Escola de Governo e Desenvolvimento Maria da Conceição Tavares, com o objetivo de consolidar este espaço como um referencial regional na formação de lideranças comprometidas com um desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável na América Latina.

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