Comunicado de imprensa
A Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, fez um apelo no sentido de unir esforços para impulsionar ações, políticas e alianças que blindem os avanços nos direitos das mulheres alcançados na última década e implementar políticas públicas que reconheçam o trabalho de todas as mulheres em sua diversidade e o enorme valor que proporcionam.
Numa mensagem emitida por ocasião do Dia Internacional da Mulher, a máxima representante da CEPAL afirmou que 2021 é um ano crucial para caminhar decididamente rumo a uma recuperação transformadora com igualdade de gênero e sustentabilidade.
“No Dia Internacional da Mulher, reconheço os enormes esforços que as mulheres da América Latina e do Caribe realizam para a recuperação da pandemia e alcançar um futuro com igualdade. É imperativo evitar retrocessos e promover uma recuperação transformadora, sustentável e com igualdade de gênero”, expressou Alicia Bárcena.
A alta funcionária das Nações Unidas sublinhou que a pandemia de COVID-19 irrompeu no mundo e na região e exacerbou as desigualdades que afetam negativamente as mulheres e meninas.
Indicou que as mulheres são três de cada quatro (73,2%) pessoas ocupadas no setor da saúde em nossa região; porém, seus rendimentos do trabalho são 25% inferiores aos dos homens que trabalham no mesmo setor. As mulheres representam uma ampla maioria das pessoas que realizam trabalho doméstico remunerado e são responsáveis pelo cuidado nos domicílios, um trabalho invisibilizado até agora, mas essencial para fazer funcionar a economia, a saúde e o bem-estar.
“Na CEPAL sublinhamos insistentemente que a atual organização social dos cuidados é injusta. Mesmo antes da pandemia, as mulheres da região dedicavam o triplo do tempo que os homens aos cuidados não remunerados”, assinalou.
Alicia Bárcena acrescentou que a atual crise também provocou um retrocesso de mais de uma década nos avanços registrados em matéria de participação das mulheres no mercado de trabalho. Por exemplo, sua taxa de participação diminuiu 6 pontos percentuais, situando-se em 46%, face a 52% em 2019, e o desemprego afeta uma de cada cinco mulheres.
Além disso, a sobrecarga de trabalho e o esgotamento gerado pela crise da COVID-19 se somam a uma situação regional com enorme desproteção trabalhista: uma de cada cinco mulheres no setor da saúde na região não está afiliada nem contribui à seguridade social, proporção que passa a três de cada quatro no caso das trabalhadoras domésticas remuneradas.
“Apesar de as mulheres constituírem a maioria do pessoal de primeira linha, paradoxalmente são muito poucas as que dirigem países, tomam decisões no âmbito público de respostas nacionais ou locais ou lideram equipes científicas e de pesquisa. A ONU está dando passos decididos para obter a paridade. Na região 10 países estão avançando e consolidando legislações que promovem a paridade política, mas é preciso acelerar essa mudança”, alertou a Secretária Executiva da CEPAL.
Por tudo isso, recomendou a implementação de políticas públicas que permitam acabar com a disparidade salarial, incluir todas as mulheres na tomada de decisões centrais para a recuperação, priorizar as trabalhadoras domésticas e cuidadoras nos planos de vacinação, garantir um salário de emergência para os 118 milhões de mulheres que vivem em domicílios abaixo da linha da pobreza em nossa região e obter a inclusão digital de quatro de cada 10 mulheres de nossa região.
“O horizonte é a igualdade e o caminho é o desenvolvimento sustentável. Caminhemos rumo a uma sociedade do cuidado, na qual cuidemos do planeta, das pessoas e de quem nos cuida e também pratiquemos o autocuidado. Esta é a base do que chamamos uma transformação sustentável com igualdade. É uma mudança urgente e civilizatória. Quando uma mulher avança e transforma todos avançam, porque quando as mulheres avançam nossa sociedade progride. O mundo e as mulheres não podem esperar mais! O tempo é agora”, concluiu Alicia Bárcena.