Comunicado de imprensa
Os países da América Latina e do Caribe (ALC) emitiram dívida a um ritmo dinâmico no primeiro semestre de 2017. Os fluxos foram impulsionados pela busca de rendimentos mais altos do que os oferecidos nos mercados de títulos de países desenvolvidos, bem como por uma melhoria nas condições econômicas da região, segundo a edição atualizada do relatório Fluxos de capital para a América Latina e o Caribe. Acontecimentos recentes (disponível somente em inglês), divulgado pelo Escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Washington. O entusiasmo pelos ativos da ALC foi respaldado pelas baixas taxas de juros no mundo e pela fraqueza sustentada do dólar americano.
Num contexto de maior apetite por seus ativos e melhoria das condições econômicas, no primeiro semestre de 2017 a América Latina e o Caribe emitiram dívida nos mercados internacionais no total de 74 bilhões de dólares, o terceiro maior montante semestral emitido na região.
A venda de um título de 100 anos em junho por parte da Argentina, com um cupom de 7,125%, destacou o interesse dos investidores nos instrumentos que oferecem rendimentos mais altos. Esta operação da Argentina, ao somar-se a alguns mutuários soberanos que venderam títulos de um século, mostrou o entusiasmo dos investidores por valores de mercados emergentes.
O forte desempenho da região no mercado internacional de títulos foi sustentado por um ajuste nos diferenciais (spreads) dos títulos, embora a qualidade creditícia da região tenha continuado a sofrer deterioração: de janeiro a julho houve 16 ações de classificação soberana negativas (rebaixamento) e seis ações positivas (elevação), assinala o relatório.
Segundo o estudo, os principais destaques do desempenho da região no mercado internacional de títulos durante o primeiro semestre de 2017 foram:
• As empresas de petróleo quase soberanas e soberanas lideraram quanto ao tamanho, com várias emissões que superaram 2 bilhões de dólares. Quase 20% do total das emissões da América Latina e do Caribe no primeiro semestre vieram da Petrobras (Brasil), Pemex (México) e Petroperu (Peru).
• Houve doze debutantes nas emissões de janeiro a julho que representaram 7% da emissão total no período. O interesse generalizado dos investidores na dívida de mercados emergentes gerou termos favoráveis para vários emissores da América Latina e do Caribe.
• Os títulos com um enfoque verde totalizaram quase 4% da emissão total da região. Embora somente dois tenham sido categorizados como títulos verdes, houve outros títulos com renda destinada a investimentos em energias renováveis.
• Argentina (26%), Brasil (22%) e México (16%) foram os maiores emissores da região (incluindo tanto as emissões soberanas como as corporativas) e representaram 64% do total no primeiro semestre.
• Os emissores de rendimento alto dominaram a emissão no primeiro semestre de 2017: representaram 64% da emissão total (soberana e corporativa) no período.
• Embora a emissão em dólares tenha representado 78% do total, houve emissões em muitas outras moedas. As moedas locais, que incluíram o peso chileno, o sol peruano, o real brasileiro e o peso uruguaio, representaram 12% do total.
O relatório também analisa os possíveis riscos para os mercados de dívida da região. Os desafios incluem a possibilidade de maior volatilidade se houver uma subida mais rápida do que se espera nas taxas de juros dos Estados Unidos ou se o dólar retomar seu fortalecimento, e de turbulência no mercado associada com a necessidade de aumentar o limite de empréstimo ou o teto de endividamento do governo dos EUA no final de setembro. Outro risco para os mercados financeiros da região no futuro é a saúde da economia chinesa.
Esses riscos, somados a uma liquidez ajustada e um mercado superlotado, poderiam gerar uma correção de mercado. Apesar dos riscos, a maioria dos investidores parece acreditar que as condições benignas para os mercados emergentes e os mercados latino-americanos de títulos persistirão no curto prazo, acrescenta o relatório.