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A América Latina e o Caribe perderam quase três anos de esperança de vida ao nascer entre 2019 e 2021 em consequência da pandemia de COVID-19

27 de julho de 2022|Notícias

Novas estimativas e projeções da CEPAL e da Divisão de População das Nações Unidas confirmam um crescimento cada vez menor da população da região, resultante principalmente da diminuição da fecundidade.

A América Latina e o Caribe perderam 2,9 anos de esperança de vida ao nascer entre 2019 e 2021 em consequência da COVID-19, passando de 75,1 anos em 2019 para 72,1 anos em 2021, o que a converte na região do mundo que perdeu mais anos na esperança de vida devido à pandemia, revelou uma análise das tendências recentes da população da região realizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

De acordo com o organismo, a queda entre 2019 e 2021 foi maior na América Central, com uma perda de 3,6 anos, embora se tenha evidenciado uma aceleração na perda de esperança de vida no Caribe em 2021, assim como grandes desigualdades entre países.

As projeções supõem que já em 2022 começará a recuperação dos anos perdidos de esperança de vida, devido ao processo de vacinação e às medidas tomadas pelos países para combater a pandemia.

As estimativas e projeções das tendências recentes da população da América Latina e do Caribe foram elaboradas pelo Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia (CELADE) – Divisão de População da CEPAL em conjunto com a Divisão de População das Nações Unidas e divulgadas em 11 de julho de 2022, por ocasião do Dia Mundial da População.

Segundo a análise, a população da região passou de 168,3 milhões de pessoas em 1950 para pouco mais de 660 milhões em 2022 e se espera que comece a decrescer em aproximadamente 34 anos.

A região passou de um crescimento médio anual de 4,5 milhões de pessoas entre 1950 e 1951 a um máximo de cerca de 8,3 milhões no início dos anos 90. A partir de 1991 o crescimento populacional da região começou a se desacelerar e atualmente a população cresce a um ritmo de menos de 5 milhões de pessoas ao ano.

O crescimento cada vez menor da população, resultante principalmente da diminuição da fecundidade, levará a região a alcançar sua população máxima em 2056, com um total de 751,9 milhões de pessoas, assinala a análise, que indica uma quebra na tendência de crescimento da região em 2020 e 2021, como efeito da pandemia de COVID-19.

A análise evidencia também um envelhecimento populacional e a aproximação do fim do bônus demográfico. Especifica que a região está numa etapa de envelhecimento relativamente acelerada e projeta que já em 2047 a população de pessoas com 60 anos ou mais supere a de menos de 15 anos. Estima-se que em 1967 a relação de dependência da região começou a decrescer, marcando o início do bônus demográfico, enquanto em 2029 se projeta que a população dependente (menores de 15 anos e de 65 anos ou mais) crescerá mais que a população em idade de trabalhar (de 15 a 64 anos), o que indica um aumento da relação de dependência e o fim do bônus demográfico na região, um bônus que duraria cerca de 62 anos. No entanto, persiste a heterogeneidade regional, existindo diversos ritmos de envelhecimento.

Acrescenta que a fecundidade caiu abaixo do nível de substituição e continuou aumentando a idade média da fecundidade. A taxa global de fecundidade (TGF) da América Latina e do Caribe em 2022 foi estimada em 1,85 nascido vivo por mulher, cifra que está abaixo do nível de substituição desde 2015. A projeção da TGF para a região indica que esta continuará baixando e chegará a 1,68 em 2100.

A idade média da fecundidade manteve uma tendência decrescente na região entre 1950 e 2000 devido à diminuição do número de filhos por mulher e registrou seu valor mínimo em 2000 com 26,9 anos. A partir de 2013 começou a aumentar e atualmente observa-se um valor de 27,6 anos, indicando que a baixa fecundidade vem acompanhada por um número maior de mulheres tendo filhos em idades mais avançadas. De acordo com as projeções, espera-se que essa tendência continue e que a idade média alcance 30,4 anos em 2100.

As estimativas e projeções mostram que a América Latina e o Caribe apresentam taxas de fecundidade nas adolescentes de 15 a 19 anos das mais altas no mundo, ficando somente abaixo das taxas estimadas e projetadas para a África. Apesar disso, a região em média conseguiu aumentar o ritmo de queda da fecundidade adolescente desde 2010, passando de 73,1 filhos por 1.000 mulheres de 15-19 anos em 2010 para 52,1 em 2022. No entanto, continua sendo um valor elevado em comparação com outras regiões do mundo e é 48% maior que a média mundial. Nove países da região estão entre os 60 países com maior taxa de fecundidade adolescente do mundo em 2015-2020.

Finalmente, a análise aborda a crescente importância da migração intrarregional e assinala que um dos principais desafios para o estudo da migração é a disponibilidade de fontes de dados que indiquem os padrões migratórios, fluxos e características da população migrante.

Especifica que a América Latina e o Caribe se caracterizam por ser uma região expulsória de população, com saldo migratório negativo desde 1950. Nesse sentido, apesar das dificuldades de movimento da população durante a pandemia, principalmente pelo fechamento de fronteiras, a região apresentou saldos migratórios negativos em 2020 e 2021, embora inferiores aos estimados para 2019.

O dinamismo com que ocorrem as mudanças demográficas na região, em especial a queda da fecundidade e os movimentos migratórios, e recentemente o impacto da COVID-19 levam a que a CEPAL, em conjunto com a Divisão de População das Nações Unidas, realize um constante monitoramento e revisão das estimativas e projeções de população. Somente com informação oportuna e de qualidade é possível elaborar estimativas e projeções de população que refletem a realidade demográfica dos países da região e do mundo.