Investimento estrangeiro direto para a região segue a tendência de queda, somando US$ 167,04 bilhões em 2016

10 de Agosto de 2017 | Press Release

Em seu relatório anual, a CEPAL projeta uma nova queda em 2017, em torno de 5%, insistindo com os países gerarem políticas para atrair fluxos que apoiem os processos nacionais de desenvolvimento sustentável.

Alicia Bárcena, ECLAC Executive Secretary, during the presentation of the Foreign Direct Investment 2017 report.
Alicia Bárcena, ECLAC Executive Secretary, during the presentation of the Foreign Direct Investment 2017 report.

Os fluxos de investimento estrangeiro direto (IED) para a América Latina e o Caribe diminuíram 7,9% em 2016, em comparação com 2015, somando US$ 167,04 bilhões, o que representa uma queda de 17% a partir do máximo alcançado em 2011, informou hoje a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em sua sede em Santiago, Chile.

Esses resultados são explicados pelos preços baixos das matérias-primas e seu impacto nos investimentos direcionados para o setor de recursos naturais, pelo lento crescimento da atividade econômica em várias economias e pelo cenário global de sofisticação tecnológica e expansão da economia digital que tende a uma concentração dos investimentos multinacionais nas economias desenvolvidas, indica o relatório anual: O Investimento Estrangeiro Direto na América Latina e Caribe 2017 (em espanhol) apresentado nesta quinta-feira em uma coletiva de imprensa.

Em 2016, a América Latina e o Caribe receberam 10% do IED global, participação similar à de 2015, porém menor que a média de 14% que tinha sido alcançada entre 2011 e 2014. Apesar da tendência à queda, os fluxos de IED representam 3,6% do produto interno bruto (PIB) da região, quando a média global é de 2,5%, o que explica a relevância dessas entradas para as economias latino-americanas e caribenhas.

Para 2017, a CEPAL projeta uma nova queda das entradas do IED, em torno de 5%.

“O investimento estrangeiro direto tem sido um fator importante para o desenvolvimento das atividades exportadoras, essenciais para o crescimento da América Latina e do Caribe, assim como para a criação de novos setores, porém as elevadas diferenças de produtividade que persistem na região e os novos cenários tecnológicos que propõe a quarta revolução industrial exigem novas políticas para aproveitar os benefícios do IED nos processos nacionais de desenvolvimento sustentável”, informou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL.

Bárcena, também, pediu para observar com atenção o fato de que em vários países da região as saídas de capital por rendas do IED superaram o fluxo das entradas no período de 2010-2016.

Apesar da recessão, o Brasil aumentou em 5,7% suas entradas de IED em 2016 e se manteve como principal receptor na região (US$ 78,9 bilhões, equivalentes a 47% do total). No México, que recebeu US$ 32,1 bilhões e foi o segundo país receptor (19% do total), o IED caiu 7,9%, mas ainda se manteve em níveis históricos elevados.

As entradas na Colômbia cresceram 15,9% até US$ 13,6 bilhões, posicionando-se como a terceira economia com maiores fluxos de IED (8%), acima do Chile, que absorveu US$ 12,2 bilhões de IED (7% do total). O Panamá concentrou 44% das entradas na América Central, e Costa Rica, 27%, enquanto que no Caribe a República Dominicana recebeu 49% e a Jamaica 16% do IED da sub-região.

O IED direcionado ao setor de recursos naturais caiu de 18% em 2010-2015 para 13% do total em 2016, em linha com o fim do auge dos preços das matérias-primas. Em contrapartida, as participações das manufaturas e os serviços aumentaram ao alcançar 40% e 47%, respectivamente.

Os novos investimentos anunciados se concentraram nas energias renováveis, nas telecomunicações e na indústria automotora. Os projetos em energias renováveis representaram 18% do valor anunciado em 2016 (em 2005-2010 foi de 6%), posicionando essa atividade como a mais dinâmica do período, especialmente no Chile e no México.

Quanto aos países investidores, o estudo indica que esses não se diversificaram: 73% do total do IED veio dos Estados Unidos (20%), principal investidor individual, e da União Europeia (53%).

Segundo estatísticas oficiais, a China é responsável por somente 1,1% do IED recebido pela região em 2016, dado que subestimaria a presença dos capitais chineses nos países da América Latina e do Caribe. De fato, se é observado o valor das fusões e aquisições em 2016, a China foi a quarta origem do investimento. Considerando as grandes operações realizadas pelos chineses no primeiro semestre de 2017, é de se esperar que essa participação aumente no próximo ano, aponta o documento.

O relatório, também registra que 2016 foi um ano fraco para as empresas transnacionais latino-americanas, conhecidas como translatinas. As saídas de IED a partir dos países da América Latina e do Caribe diminuíram 50% até chegar aos US$ 24,6 bilhões.

O documento analisa, como um caso de êxito sob tensão, a evolução de um setor que tem se desenvolvido graças aos recursos de IED: a indústria automotora mexicana. “Após a crise financeira internacional de 2008, essa indústria tem experimentado um acelerado processo de transformação, deixando de ser uma plataforma de baixo custo para a montagem de veículos de baixa escala para uma cadeia produtiva mais integrada e diversificada em termos de produtos e sofisticação tecnológica”, explica a CEPAL.

Atualmente, a indústria automotora mexicana contribui para mais de 3% do PIB total e para 18% do PIB manufatureiro do país, alcança um superávit comercial superior a US$ 52 bilhões ao ano, conta com um IED acumulado de mais de US$ 51,2 bilhões desde 1999 (11% do total) e é responsável por 900 mil empregos diretos. 80% da produção é destinado ao mercado de exportação, e 86% dessas exportações têm como destino o Canadá e os Estados Unidos. Dessa forma, o México converteu-se no sétimo produtor mundial e no quarto exportador de veículos do mundo.

As perspectivas de futuro dessa indústria mexicana dependerão, segundo a análise da CEPAL, das transformações tecnológicas promovidas pela indústria automotora global, das mudanças no conceito de mobilidade e nos padrões de consumo, e da pressão reguladora em torno da segurança, do impacto no meio ambiente e da eficiência energética. Influirá, também, o clima de incerteza causado pelos anúncios emitidos pelo novo governo dos Estados Unidos, conclui o relatório.

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