Países retomam negociação no Brasil para acordo regional inédito em assuntos ambientais

21 de Março de 2017 | Press Release

Espera-se contar com um instrumento legal sobre os direitos de acesso à informação, participação e justiça ambientais durante 2017.

La reunión, que se prolongará hasta el viernes 24 de marzo, se realiza en la sede del Ministerio de Relaciones Exteriores de Brasil (Palacio de Itamaraty).
La reunión, que se prolongará hasta el viernes 24 de marzo, se realiza en la sede del Ministerio de Relaciones Exteriores de Brasil (Palacio de Itamaraty).

Os países da América Latina e do Caribe retomaram na segunda-feira, 20 de março em Brasília, Brasil, as negociações para contar durante o presente ano com um acordo regional sobre os direitos de acesso à informação, participação e justiça ambientais – consagrados na declaração sobre a aplicação do Princípio 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio+20) –, um instrumento legal de segunda geração que seria o primeiro desse gênero no continente.

Delegados de 23 países que aderiram a esta iniciativa regional deram início à Sexta Reunião do Comitê de Negociação do Acordo Regional sobre o Acesso à Informação, à Participação Pública e o Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe (Princípio 10), encontro organizado pela CEPAL e pelo Governo do Brasil, que se ocorrerá até sexta-feira, 24 de março na sede do Ministério das Relações Exteriores desse país (Palácio do Itamaraty).

A reunião foi inaugurada pelo embaixador Marcos Galvão, Secretário-Geral das Relações Exteriores do Brasil, José Sarney Filho, Ministro do Meio Ambiente, Wagner Rosário, Secretário-Executivo do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, e Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL, organismo que exerce a secretaria técnica do processo.

Participaram também da abertura, Antonio Herman Benjamin, Ministro do Superior Tribunal de Justiça do Brasil, Joseluis Samaniego, Diretor da Divisão de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos da CEPAL, Rômulo Paes de Sousa, Diretor do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Centro RIO+), Karetta Crooks e Joara Marchezini, representantes da sociedade civil.

Em suas palavras de abertura, Marcos Galvão considerou que na Rio+20 foi reconhecida a necessidade de um equilíbrio entre as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento sustentável, ideia que foi transmitida a todos os mandatos emanados dessa Conferência e que também está presente na discussão sobre o Princípio 10. “E justamente para fortalecer a dimensão ambiental e colocá-la em equilíbrio com as demais é que hoje buscamos um instrumento regional que seja capaz de apoiar a aplicação do Princípio 10 em nossa região”, declarou.

O Ministro José Sarney Filho afirmou que a lei brasileira já é ambiciosa com relação ao acesso à informação, “mas sempre haverá maneiras de torná-la mais efetiva”, enfatizou. “O acesso, a participação e a transparência são fundamentais; têm uma importância estratégica para o meio ambiente. Por isso é crucial garantir que a sociedade conheça esses temas”, considerou.

Com uma saudação em vídeo enviada aos assistentes da reunião, Alicia Bárcena destacou a importância desse acordo “a única convenção que emana da Rio+20 que vincula o meio ambiente com os direitos humanos e os direitos de acesso à informação, à participação e à justiça em assuntos ambientais”.

“Esse acordo que é negociado em nossa região e que os países nos chamou para acompanhar, não poderia ser mais oportuno e caberia acrescentar, visionário. Os direitos de acesso consagrados nesse princípio estão no coração da Agenda 2030, pois permeiam e se manifestam em todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os ODS vinculam expressamente o bem-estar humano com a qualidade ambiental e a paz”, afirmou Bárcena.

Igualmente, convidou a região para ser protagonista de sua história, a melhorar os processos de tomada de decisões ambientais e a avançar rumo sociedades mais justas, pacíficas e sustentáveis.

Por sua parte, o ministro Antonio Herman Benjamin considerou que o estado de direito ambiental é um bem intangível, absolutamente fundamental para a qualidade de vida das pessoas e das gerações futuras, enquanto Rômulo Paes declarou que o Princípio 10 é fundamental para os objetivos da Rio+20. Tampouco se limita ao ODS 16 – que promove sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável –, mas que é essencial para todos os ODS, para alcançar a paz, a governabilidade e proteger o meio ambiente.

As representantes da sociedade civil Karetta Crooks e Joara Marchezini afirmaram que a colaboração pública assegura uma participação oportuna, responsabilidade, e a consideração especial de grupos específicos que se veem diretamente afetados, como os indígenas e as populações mais vulneráveis. “Aqui no Brasil nasceu o Princípio 10, reafirmado na Rio+20, que foi o início do processo. Agora retorna à casa, para se estruturar e ficar mais robusto e forte. Devemos fazer a diferença, diminuir os conflitos socioambientais e responder às necessidades da região, para concretizar os direitos, apoiar o desenvolvimento sustentável de forma participativa e democrática. Nosso objetivo é criar um acordo que garanta a democracia ambiental”, reafirmaram.

Durante a primeira etapa da reunião foi realizada também, uma sessão especial sobre Direitos de Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais, em que participaram autoridades, altos magistrados e especialistas ambientais da Argentina, Brasil, Caribe, Costa Rica, Panamá e outros países. Houve, também, o lançamento online do Observatório do Princípio 10 na América Latina e no Caribe, ferramenta que apresenta um acompanhamento das leis, políticas, tratados e jurisprudência que garantem que os direitos das pessoas à informação, à participação e à justiça em assuntos ambientais sejam plenamente aplicados.

Mais informações:

 

Country(ies)

  • Latin America and the Caribbean