Nota informativa
(10 de dezembro de 2014) A pesca, a pecuária da região alto-andina e a agricultura serão os setores mais afetados pela mudança climática no Peru nos próximos anos, ainda que a hidroeletricidade, a mineração, o turismo, a saúde e a infraestrutura, também, poderiam sofrer impactos adversos, segundo um novo estudo conjunto do Governo do Peru, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O Relatório A economia da mudança climática no Peru, apresentado em Lima no marco da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (COP 20), indica que até o ano 2100 se projetam impactos que se traduzirão em perdas na economia peruana que oscilam em um patamar de 11,4% e 15,4% do seu produto interno bruto (PIB) de 2010 (ano base utilizado na pesquisa).
Particularmente, o estudo explica que o impacto no setor pesqueiro peruano se concentra na queda na captura da anchova, que afetaria a produção da farinha de peixe. Isto implicaria que para o final do século as perdas girariam em torno de até 30 vezes o atual produto interno bruto do setor.
O setor hidroelétrico sofrerá impactos devido à menor disponibilidade do recurso hídrico, situação que também afetará a mineração. Devido à expansão da zona agrícola, seriam observadas reduções de disponibilidade de água para a hidrogeração, o que se traduziria em uma diminuição da renda acumulada entre 3,3% e 5,0% do PIB setorial.
O setor agrícola poderia sofrer perdas equivalentes a 23,9% e 33,1% do PIB setorial para o período de 2010-2100 nos cenários avaliados no Relatório. Isto causaria a diminuição da produtividade de quase todos os cultivos selecionados (batata, arroz, milho, cana de açúcar, banana e farinha de milho), enquanto que o café apresentaria leves aumentos de produtividade no início do período, para depois diminuir.
Em relação à mineração, espera-se uma redução acumulada para todo o período de 15% do PIB setorial em um dos cenários considerados no estudo (A2), 5% no cenário A1B e 11% no cenário B1, enquanto que para a pecuária da região alto-andina os resultados mostrem que os impactos seriam produto da diminuição das áreas de pastos e da expansão do setor agrícola, o que levaria a uma perda máxima acumulada equivalente a 90% do PIB pecuário.
Em relação ao turismo, o aumento no número de eventos climáticos extremos poderia diminuir o número de turistas que visitam um dos principais atrativos do país: Machu Picchu. As perdas até 2100 nesse lugar foram estimadas entre 15% y 30% do PIB do setor.
O impacto da mudança climática no setor de infraestrutura viária peruana geraria um aumento no gasto público em torno de 2,8% do PIB do setor de transporte do ano 2010, já que seriam esperados custos adicionais por aumentos em reformas e manutenções devido à maior ocorrência de inundações nas estradas. Quanto à saúde, o setor público reforçaria os recursos destinados ao tratamento da malária, o que requereria um aumento do gasto em 0,02% do PIB peruano de 2010.
O estudo enfatiza que o Peru é considerado um país altamente vulnerável à mudança climática por contar com sete das nove características de vulnerabilidade reconhecidas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática: possuir zonas costeiras baixas, zonas áridas e semiáridas, áreas suscetíveis ao desflorestamento ou erosão, aos desastres naturais, à seca e à desertificação, áreas urbanas altamente contaminadas e ecossistemas frágeis.
Da amplitude das perdas analisadas supõe-se a necessidade de atuar o antes possível para reduzir a vulnerabilidade em todo o território peruano, enfatiza o Relatório. Acrescenta que o desenho apropriado e a tempo de estratégias, políticas e programas em matéria de adaptação é fundamental para se contrapor aos potenciais efeitos negativos da mudança climática. O Relatório também recomenda ampliar a informação, analisar os setores não avaliados e estudar as implicações sociais, como elementos chave na formulação das políticas de desenvolvimento sustentável.
Mais informações:
Para consultas e entrevistas, entrar em contato com María Amparo Lasso, Chefe da Unidade de Informação Pública da CEPAL.
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