O comércio exterior da América Latina e do Caribe crescerá em 2018 em meio a tensões globais que exigem uma maior integração regional

31 de Outubro de 2018 | Press Release

A CEPAL projeta um aumento de 9,7% no valor total das exportações de bens da região esse ano.

Alicia Bárcena, Executive Secretary of ECLAC, presented the report in Mexico City
Alicia Bárcena, Executive Secretary of ECLAC, presented the report in Mexico City.

O valor das exportações de bens da América Latina e do Caribe crescerá 9,7% em 2018, com isso serão acumulados dois anos de recuperação após a acentuada queda registrada entre 2012 e 2016, de acordo com as últimas projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) divulgadas hoje na Cidade do México.

Esse aumento se decompõe em aumentos de 7,6% nos preços e de 2,1% no volume, informa a CEPAL em seu relatório anual Perspectivas do Comércio Internacional da América Latina e do Caribe 2018, apresentado em uma coletiva de imprensa pela Secretária-Executiva do organismo regional da ONU, Alicia Bárcena.

Apesar do aumento observado, o volume das exportações da região crescerá menos da metade do que o das vendas externas do conjunto das economias em desenvolvimento que, segundo as projeções da Organização Mundial do Comércio (OMC), se expandirá 4,6%, adverte a CEPAL na publicação que analisa o impacto que o divergente crescimento global e as tensões comerciais causam no comércio da região.

As importações de bens da região, também, se recuperarão em 2018 pelo segundo ano consecutivo: seu valor aumentará 9,5%, mas, diferentemente do que ocorre com as exportações, crescerão mais em volume (4,9%) do que no preço (4,6%).

A evolução do comércio exterior da região em 2018, além de ser um reflexo do nível da atividade econômica de cada país, será determinada pelas estruturas das exportações e importações, assim como pela demanda externa dos principais parceiros comerciais. Na América do Sul, por exemplo, o crescimento esperado das exportações (10,2% em valor) responde na sua totalidade sobre o aumento dos preços dos produtos básicos, especialmente do petróleo e dos minerais e metais. Algo similar ocorre no Caribe, cuja alta (12,1%) é fortemente influenciada por maiores preços do petróleo e pelo gás exportados por Trinidad e Tobago.

No caso do México, o aumento do volume e o aumento dos preços contribuirão em proporções similares à expansão das exportações (9,5% no total em valor). Por último, na América Central, o crescimento projetado das vendas externas (3,6%) é totalmente explicado pelo aumento do volume exportado, já que os preços dos produtos exportados cairão ligeiramente (-0,8%), devido aos declínios registrados nos produtos como o açúcar e o café. As exportações manufatureiras do México e da América Central são favorecidas pelo dinamismo da demanda nos Estados Unidos.

Com relação aos principais parceiros comerciais da América Latina e do Caribe, as vendas para a China, compostas quase na sua totalidade de matérias-primas e manufaturas baseadas nos recursos naturais, registrarão o principal aumento (28%) em 2018. Essa situação reforça a especialização exportadora de produtos primários da região, especialmente da América do Sul. Em comparação, as exportações para a própria região e para os Estados Unidos, que se caracterizam por um maior conteúdo de manufaturas, crescerão a taxas significativamente mais baixas (12% e 7,1%, respectivamente).

Quanto às importações, aquelas procedentes da China - o segundo país de origem das importações da região, depois dos Estados Unidos - são as que apresentam, também, o maior dinamismo. Essas são compostas quase em sua totalidade de manufaturas que competem com a produção regional em vários produtos.

O relatório Perspectivas do Comércio Internacional da América Latina e do Caribe 2018 explica que as atuais tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China têm como pano de fundo a disputa pela liderança econômica e tecnológica mundial, assim como o debate sobre a coexistência de diferentes estilos de desenvolvimento. Segundo a CEPAL, no curto prazo essas tensões poderão ter um impacto positivo nas exportações regionais, mas uma maior escalada protecionista acarretará sérios riscos para a economia mundial e portanto, para a região, também.

“A integração regional é indispensável para avançar na diversificação das exportações e na transição para  exportações mais intensivas em conhecimento, considerando o elevado conteúdo industrial do comércio intrarregional e sua importância para as pequenas e médias empresas exportadoras”, ressaltou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL. “É necessário intensificar os esforços voltados para a construção de um mercado regional integrado dado o contexto de desaceleração do crescimento, saída líquida de capitais e crescente protecionismo enfrentado pela região, que provavelmente seja acentuado em 2019”, acrescentou.

No segundo capítulo do relatório, a CEPAL indica que a região em seu conjunto é uma exportadora líquida de minerais e metais, com 8% de participação nas exportações mundiais desse setor. Entretanto, suas exportações se caracterizam por um baixo grau de elaboração. A participação das matérias-primas nas exportações de minerais e metais da região (atualmente 37%) quase se duplicou nos últimos 20 anos, devido em grande parte, à demanda da China e o restante da Ásia. Essa situação é preocupante, afirma a CEPAL, devido aos conhecidos problemas associados à dependência da exportação dos produtos básicos minerais, como a vulnerabilidade das exportações, o crescimento econômico e as receitas fiscais diante das flutuações dos preços; a escassa agregação de valor e a diversificação para novos produtos e serviços; e os diversos tipos de danos ambientais.

Finalmente, no terceiro capítulo do relatório é analisado o potencial do comércio eletrônico transfronteiriço para dinamizar e diversificar as exportações da região. A região tem aumentado rapidamente seu consumo de produtos importados mediante plataformas eletrônicas estrangeiras, mas não aumenta igualmente a exportação de seus produtos por essse meio. A participação da América Latina e do Caribe no comércio eletrônico transfronteiriço mundial aumentará de 2,6% em 2014 para 5,3% em 2020, segundo o relatório.

Para promover o comércio eletrônico na região, a CEPAL propõe impulsionar o mercado digital regional; promover a digitalização e a simplificação do financiamento para esse comércio; modernizar as alfândegas e os serviços postais; e reduzir os custos dos pagamentos transfronteiriços online.

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