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Falar com os territórios e as cidades é fundamental para repensar o modelo de desenvolvimento na América Latina e no Caribe

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5 de maio de 2022|Comunicado de imprensa

Altas autoridades da América Latina e Europa participaram do primeiro evento no âmbito da Declaração Regional de Cidades Circulares.

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Fotografía de algunos de los participantes de la reunión.
De derecha a izquierda, Carlos Montes, Ministro de Vivienda y Urbanismo de Chile; Clara Muzzio, Ministra de Espacio Público e Higiene Urbana del Gobierno de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires; Mario Cimoli, Secretario Ejecutivo Interino de la CEPAL; Louise de Sousa, Embajadora de Reino Unido en Chile y Mauro Battocchi, Embajador de Italia en Chile.
Foto: CEPAL.

As cidades, por sua importância no desenvolvimento econômico, social e ambiental, têm um papel de liderança na transição para a circularidade, implementando e compartilhando novos modelos no âmbito local e levando em conta os impactos tanto dentro como fora do próprio perímetro urbano, afirmaram hoje especialistas reunidos em um evento organizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), as embaixadas da Itália e do Reino Unido no Chile e Enel.

O encontro "Rumo a cidades circulares da América Latina e do Caribe: O desafio da descarbonização e eletrificação", o primeiro no âmbito da Declaração de Cidades Circulares, reuniu especialistas da América Latina e Europa que refletiram sobre o modelo urbano da região e formularam propostas para redesenhar a forma em que as cidades evoluem, para continuar sendo o  motor de inovação e oportunidades para todos os  seus cidadãos.

O evento foi aberto por Mario Cimoli, Secretário Executivo Interino da CEPAL, Carlos Montes, Ministro de Habitação e Urbanismo do Chile, Mauro Battocchi, Embaixador da Itália no Chile, Louise de Sousa, Embaixadora do Reino Unido no Chile, Claudio Orrego, Governador da Região Metropolitana do Chile, e Maurizio Bezzeccheri, Diretor para a América Latina da Enel.

Na reunião participaram também Clara Muzzio, Ministra de Espaço Público e Higiene Urbana do Governo da Cidade Autônoma de Buenos Aires, Argentina, Juan Carlos Muñoz, Ministro de Transportes e Telecomunicações do Chile, e Claudio Huepe, Ministro de Energia do Chile.

Durante sua intervenção, o Secretário Executivo Interino da CEPAL recordou que o processo de desenvolvimento da América Latina e do Caribe se caracterizou pela transição de padrões de produção, distribuição e consumo associados ao mundo rural e agrícola para a consolidação do caráter urbano da região.

A região da América Latina e Caribe teve um rápido processo de urbanização e é hoje a região em desenvolvimento mais urbanizada do mundo, com mais de 81% de sua população vivendo em cidades. Atualmente, dois terços da população latino-americana vivem em cidades de 20.000 habitantes ou mais.

Por isso, “falar com os territórios e as cidades em nossa região é fundamental para repensar o modelo de desenvolvimento”, ressaltou Mario Cimoli.

O funcionário das Nações Unidas indicou que as realidades urbanas são ao mesmo tempo o lugar onde se geram as maiores economias de escala e de aglomeração – elementos importantes do crescimento e desenvolvimento sustentável dos países da região – e onde se manifestam as desigualdades, a pobreza, a informalidade e a vulnerabilidade ambiental.

Assinalou que mais de 21% da população urbana da região vive em assentamentos informais e na última década se desacelerou a redução da informalidade urbana.

Mario Cimoli ressaltou que os modelos de economia circular oferecem uma oportunidade para mudar os processos de geração de valor e promover mudanças estruturais nos setores e entre eles e declarou que “pensar nas cidades circulares é um apelo a repensar as políticas industriais a partir de um enfoque de territórios”.

Destacou que o setor privado e a comunidade internacional desempenham um papel importante para facilitar o acesso a tecnologias verdes e digitais e impulsionar investimentos em setores inovadores que estimulem a criação de conhecimento e empregos verdes.

Finalmente, o Secretário Executivo Interino da CEPAL convidou as cidades da região a se somarem à Declaração de Cidades Circulares, que foi firmada em 25 de outubro de 2021 e conta com a assinatura de nove cidades da América Latina e do Caribe que assumiram o compromisso de promover e acelerar a transição rumo a uma maior circularidade.

O Ministro de Habitação e Urbanismo do Chile afirmou que a economia circular propõe repensar a atividade econômica e produtiva na  qual a cadeia de valor deixa de ser linear e é entendida como um ciclo que reduz o consumo de matérias-primas e a geração de emissões e dejetos em cada etapa ou processo.

“Isto é muito importante, porque vivemos em um planeta finito que está vivendo uma situação limite em que o aumento da demanda de insumos primários e a escassez de recursos estão estreitamente vinculados às consequências ambientais”, expressou o Ministro, que indicou que os obstáculos que se apresentam são próprios da mudança de um modelo linear de produção e exploração num território determinado, que não inclui em seus custos os efeitos negativos no meio ambiente.

O Embaixador da Itália no Chile, Mauro Battocchi, ressaltou que os desafios são descarbonizar, reduzir a intensidade do uso de energia e recursos naturais, reduzir a poluição e o impacto das atividades humanas na natureza, que logo terá direitos formais, aliviar o estresse das pessoas e melhorar a saúde mental dos que vivem em grandes zonas urbanas.

“Trata-se de uma tarefa gigantesca para a qual deve haver colaboração entre governos, organizações internacionais e setores público e privado, no âmbito regulatório e tecnológico. É uma tarefa que se estende também à comunicação, já que se requer uma conscientização cada vez mais forte dos cidadãos”, assinalou.

Louise de Sousa, Embaixadora do Reino Unido no Chile, destacou que, na COP26 realizada em 2021 em Glasgow, ficou evidente que as cidades estão liderando o caminho, acelerando a mudança rumo a um transporte mais limpo e tendo maior eficiência energética e uma infraestrutura mais resiliente e verde.

“Sabemos que ainda persistem desafios que devem ser enfrentados. A presidência do Reino Unido da COP26 está aberta e pronta para trabalhar com a América Latina para fechar as lacunas, por exemplo, através da campanha Race to Zero à qual numerosas cidades e regiões urbanas da América Latina já se somaram”, afirmou.

O Governador Metropolitano, Claudio Orrego, assinalou que a mudança climática não é “fake news”, mas uma realidade que estamos vendo com demasiada frequência e com efeitos bastante dramáticos, e instou a resolver os problemas ambientais enfrentados pelas cidades da região, superando a atual fragmentação na governança urbana.

Finalmente, Maurizio Bezzeccheri, Diretor para a América Latina da Enel, destacou que a América Latina apresenta uma arena muito relevante para experimentar, desenvolver, aprender e crescer. Indicou que a região enfrenta um enorme fenômeno de megacidades e, ao mesmo tempo, mostra exemplos relevantes de como as cidades podem ser redesenhadas e reinventadas.

“Hoje podemos percorrer a rota pan-americana desde a Tierra del Fuego até os Estados Unidos num automóvel elétrico”, sublinhou e ressaltou a importância da medição e dos relatórios periódicos, porque “é muito complicado melhorar e analisar as deficiências do que não se pode medir”.

Durante o encontro, especialistas analisaram as cidades no âmbito da COP 26 e o impacto da circularidade no desenvolvimento urbano na América Latina. Também compartilharam os casos de êxito nas cidades da região.

O evento contou com uma comunicação principal sobre “o futuro das cidades, entre desafios locais e globais a perspectiva da América Latina”, apresentada por Antonio Azuela de la Cueva, ex-Procurador Ambiental do México e Especialista em Desenvolvimento Urbano.