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A diversificação das exportações é o principal desafio da América Latina e do Caribe em sua relação comercial com a China

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25 de maio de 2015|Comunicado de imprensa

Ainda que o comércio bilateral tenha se multiplicado 22 vezes entre 2000 e 2014, grande parte das vendas regionais para o gigante asiático continua sendo constituída por um número reduzido de produtos básicos.

(25 de maio de 2015) Nos últimos 15 anos as relações econômicas entre a América Latina e o Caribe e a China têm-se desenvolvido fortemente. A China já é a segunda principal origem das importações da região (16% do total), e o terceiro principal destino de suas exportações (9% do total). Por sua vez, a região também, tem aumentado sua importância como sócio da China: enquanto em 2000 absorvia 3% das exportações totais da China e era a origem de 2% de suas importações, em 2013 sua participação em ambos os fluxos aumentou para 6% e 7%, respectivamente.

O principal tema pendente para nossa região em sua relação com o gigante asiático é a diversificação exportadora, segundo um novo documento divulgado hoje pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Somente cinco produtos, todos primários, representaram 75% do valor das vendas regionais para o país asiático em 2013.

A publicação: A América Latina e o Caribe e a China. Rumo a uma nova era de cooperação econômica (disponível em espanhol) foi preparada pela CEPAL por ocasião da visita à sua sede em Santiago do Chile, de Li Keqiang, Primeiro-Ministro da China, que se realiza hoje, 25 de maio de 2015.

O estudo alerta também, que, devido ao menor ritmo de crescimento previsto para os próximos anos tanto na China como na Região, o comércio bilateral não continuará se expandindo a taxas tão elevadas como as observadas na última década e meia.

A moderação da expansão da China, que se traduziu em preços menores de vários dos produtos básicos exportados pela América Latina e pelo Caribe para esse país, juntamente com as orientações adotadas pelas autoridades chinesas que apontam para alcançar um reequilíbrio de seu modelo de desenvolvimento, são fatores que representam oportunidades e desafios para as relações econômicas entre ambas as partes. Nesse sentido, o documento destaca as interessantes perspectivas que oferecem as exportações de alimentos para a China, dados os fortes processos de urbanização e expansão da classe média em desenvolvimento neste país.

“Para reverter a preocupante reprimarização exportadora é preciso atingir avanços na produtividade, inovação, infraestrutura, logística e formação e capacitação de recursos humanos. Estes avanços são fundamentais para crescer com igualdade, em um contexto de acelerada mudança tecnológica”, observa Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL, no prólogo do documento.

Igualmente, as sucessivas aproximações que têm ocorrido entre a Região e a China desde 2008, e que conduziram ao Plano de Cooperação CELAC-China 2015-2019 aprovado no último mês de janeiro, são evidências do caráter estratégico que o país asiático atribui a seus vínculos com a América Latina e o Caribe, ressalta a CEPAL.

“É o momento propício para dar um salto de qualidade na relação entre a América Latina e o Caribe e a China. O Plano de Cooperação entre a CELAC e a China 2015-2019 constitui um necessário e importante primeiro passo nessa direção, ao definir um marco institucional e orientações gerais. Agora, é necessário conferir a este Plano conteúdos concretos, o que ao mesmo tempo exige definir uma agenda regional estabelecida com prioridades, privilegiando as iniciativas plurinacionais”, destaca Alicia Bárcena.

O mencionado Plano considera 13 áreas temáticas de trabalho, oito das quais são concentradas nos âmbitos econômicos, e contêm ambiciosas metas de expansão do comércio e de investimento estrangeiro direto (IED) entre ambas as partes durante a próxima década.

Com relação ao IED chinês na região, este tem aumentado consideravelmente desde 2010 a um nível estimado entre US$9 bilhões e U$10 bilhões de dólares anuais. Segundo a nova publicação da CEPAL, as reformas em desenvolvimento na China podem impulsionar de forma decisiva os fluxos do investimento estrangeiro direto para a América Latina e o Caribe nos próximos anos.

“Na medida em que os fluxos do investimento chinês aumentam e se diversificam, isso poderia não somente redefinir drasticamente a relação econômico-comercial entre ambas as partes, mas inclusive promover a integração produtiva dentro da própria Região”, indica o documento.

A publicação conclui que à medida que a cooperação com a China ajude a fechar as brechas que a Região apresenta em matéria de infraestrutura, logística e conectividade, se estimularia também o comércio intrarregional e a formação de cadeias regionais de valor.