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(13 de julho de 2011) A América Latina e o Caribe manterão em 2011 a recuperação iniciada na segunda metade de 2009 após a crise econômica internacional e terão um crescimento de 4,7% graças ao impulso da demanda interna, segundo informa o Relatório da CEPAL.
Em seu Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2010-2011, apresentado hoje pela Secretária Executiva do organismo das Nações Unidas, Alicia Bárcena, a CEPAL indica que este crescimento implica em um aumento de 3,6% do PIB por habitante e reafirma que a atual conjuntura obriga a dar-se especial atenção aos desafios de política macroeconômica que a região enfrentará.
"Até que ponto estão a América Latina e o Caribe preparados para administrar o crescimento econômico? Devemos recuperar o espaço fiscal para ter a capacidade de adotar medidas que assegurem um crescimento sustentado, com emprego produtivo e igualdade", afirmou Alicia Bárcena.
O crescimento regional em 2011 baseia-se em grande parte no impulso do consumo privado, explicado pela melhora dos indicadores do trabalho e o aumento do crédito. Ao mesmo tempo, o esgotamento da capacidade produtiva ociosa, originado na sustentação da demanda interna, está dando lugar a um aumento do investimento que se beneficia de uma maior disponibilidade de crédito e que recupera os níveis alcançados antes da crise.
Segundo o Relatório, a expansão repercutirá também de forma positiva no mercado de trabalho da região, no qual estima-se uma nova redução da taxa de desemprego de 7,3% em 2010 para entre 6,7% e 7% em 2011.
Da mesma forma que nos últimos anos, espera-se um crescimento em três velocidades na região. Por um lado, as maiores taxas de expansão são observadas na América do Sul, área que crescerá 5,1% em 2011, favorecida pela melhora significativa de seus termos de troca pelos maiores preços obtidos nas exportações de produtos básicos, nos quais está especializada. Entretanto, a sub-região da América Central em seu conjunto alcançará 4,3% e as economias do Caribe, 1,9%.
Nos países, o crescimento este ano será encabeçado pelo Panamá (8,5%), seguido pela Argentina (8,3%), Haiti (8,0%) e Peru (7,1%). Seguidos pelo Uruguai com 6,8%, Equador (6,4%), Chile (6,3%) e Paraguai (5,7%). O Brasil e o México crescerão 4,0%, a Venezuela 4,5% e a Colômbia 5,3%.
No Estudo Econômico 2010-2011, a CEPAL adverte que o aumento dos preços internacionais dos alimentos e dos combustíveis, no contexto de um aumento da demanda interna, tem dado lugar ao surgimento de pressões inflacionárias. Como consequência, observa-se um relativo endurecimento da política monetária em vários países da região, o que tem aumentado a diferença entre as taxas de juros internas e as internacionais. Em uma conjuntura caracterizada por uma grande liquidez externa, esta situação favorece uma apreciação das taxas de câmbio nos países da região.
Perspectivas
Espera-se que a América Latina e o Caribe cresçam 4,1% em 2012, equivalente a um aumento de 3,0% no produto por habitante, mesmo persistindo uma elevada incerteza derivada da conjuntura externa.
Em seu Relatório, a CEPAL reforça os desafios em matéria de política macroeconômica que são apresentados aos governos da região em um contexto de aumento dos preços dos produtos básicos, elevada liquidez internacional e solidez de algumas economias latino-americanas.
No atual panorama, o maior atrativo que apresenta a região para os influxos de capitais e as pressões de apreciação das moedas locais poderiam ter um efeito benéfico no curto prazo que contribuiria para aliviar a pobreza, ou baratear os preços dos alimentos. Entretanto, é preciso considerar uma série de riscos e dificuldades que esta situação apresenta.
Por um lado, a região torna-se vulnerável a movimentos de capitais especulativos, na busca de ganhos de prazo muito curto, e podem originar-se bolhas nos preços dos ativos financeiros e mercados imobiliários.
Por outro lado, a elevada liquidez internacional pressiona ao mesmo tempo a queda real nas taxas de câmbio e a alta dos preços dos produtos básicos, funcionando como um incentivo para uma especialização intensiva na produção e exportação de bens primários. Isto aumenta a vulnerabilidade das economias da região aos choques externos e gera maior volatilidade do investimento, afetando assim de maneira negativa a capacidade de crescer, de gerar emprego produtivo e de diminuir a desigualdade.
De acordo com a CEPAL, as autoridades econômicas da região devem implementar medidas para conter a apreciação cambial, combinando intervenções nos mercados de câmbio, controle na entrada de capitais e regulamentações financeiras. Estas medidas aumentariam seu potencial se fossem acompanhadas de uma política fiscal orientada para o aumento da poupança do setor público.
Finalmente o Relatório adverte sobre as incertezas existentes na economia internacional, especialmente a situação nos Estados Unidos, Europa e Japão, e a eventualidade de uma deterioração do contexto internacional que limite o potencial de crescimento da região. Devido a isso é aconselhável aproveitar a atual conjuntura favorável para recuperar o espaço de políticas que se retraiu com a crise.
Ver também:
- Tabela. A América Latina e o Caribe: Crescimento do Produto interno bruto total, taxas de variação por país, 2008-2012.
- Apresentação da Alicia Bárcena, Secretária Executiva da CEPAL (em espanhol. PDF, 2,17 Mb.)
O Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2010-2011, estará disponível no site da CEPAL a partir de 13 de julho.
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