A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) lançou uma plataforma de iniciativas de clusters e outras iniciativas de articulação produtiva na América Latina e no Caribe que busca dar visibilidade, potencializar a cooperação recíproca e fortalecer as múltiplas iniciativas de articulação produtiva na região, além de aumentar seu número e sua contribuição ao desenvolvimento produtivo dos países latino-americanos e caribenhos.
A apresentação foi feita em um evento virtual que contou com discursos do Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, e de Ulrich Höcker, Diretor do Departamento de Desenvolvimento Econômico, Social e Emprego de GIZ, Alemanha, instituição que apoiou o desenvolvimento da plataforma.
“Temos a forte convicção, e a forte recomendação aos países, de que, para alcançar um padrão de desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável, é preciso ampliar a escala das políticas de desenvolvimento produtivo. Trata-se de algo que se encontra no centro dos modelos de desenvolvimento na região e que é essencial para a sua transformação”, assinalou o Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs.
Ulrich Höcker destacou a longa e frutífera aliança estratégica que une a BMZ-GIZ e a CEPAL e descreveu o lançamento da plataforma como “outro excelente exemplo de nossa aposta conjunta em fortalecer e nutrir as instâncias regionais de intercâmbio técnico e aprendizagem mútua”. Ressaltou especialmente a iniciativa por “seus aspectos estratégicos e técnicos, já que se ocupa não só do ‘que’, mas também do ‘como’, para apoiar a visão de um futuro mais produtivo, inclusivo e sustentável”, disse.
Nesta primeira etapa, a plataforma inclui um mapa interativo, que já conta com 258 iniciativas de clusters e outras iniciativas de articulação produtiva territorial da região georreferenciadas e caracterizadas, correspondentes a mais de 40.000 empresas em oito países da região. A plataforma também proporciona acesso a publicações, eventos e notícias destacadas. Posteriormente, haverá uma comunidade de prática e o desenvolvimento de projetos conjuntos, entre outras ações.
José Manuel Salazar-Xirinachs sublinhou: “Nas políticas de desenvolvimento produtivo estão as ferramentas para orientar o crescimento em certas direções e taxas mais altas e sustentadas, ou seja, incidir sobre os processos de transformação econômica para padrões de desenvolvimento mais inclusivos e sustentáveis. As iniciativas de clusters e de articulação produtiva territorial são um componente essencial dessas ferramentas”.
“Já não se trata de crer na magia do mercado nem na magia do Estado, mas na magia dos processos de colaboração para o desenvolvimento produtivo. É preciso formular bem esses processos. O enfoque de iniciativas de clusters e de articulações produtivas e seus princípios de governança são uma potente ferramenta”, destacou o Secretário Executivo da CEPAL.
“As iniciativas de clusters proporcionam governança, gestão, direção e solução de problemas para as cadeias de valor sob a aglomeração produtiva onde essa governança não existe ou é fraca”, explicou.
“As grandes transformações estruturais para que a América Latina e o Caribe saiam da armadilha de baixo crescimento em que se encontram envolvem novos investimentos, novas tecnologias, novos ecossistemas tecnológicos, novas empresas ou o crescimento das empresas existentes, novas qualificações na força de trabalho e novas infraestruturas”, detalhou Salazar-Xirinachs.
“Se estivéssemos fazendo os investimentos e as transformações econômicas necessárias para fechar as lacunas históricas de pobreza, de informalidade, entre zonas urbanas e rurais, entre homens e mulheres, entre níveis educacionais da força de trabalho, para citar apenas algumas, estaríamos crescendo a taxas de pelo menos 3%, 4% ou 5%”, assegurou.
Embora o clima de investimento e outros aspectos macroeconômicos sejam importantes para o crescimento, é fundamental trabalhar no nível microeconômico, fazer apostas produtivas em setores específicos, mediante esforços colaborativos entre os atores de cada setor, inclusive atores públicos e privados, a academia e os centros de formação profissional e a sociedade civil.
“A CEPAL propôs uma série de setores dinamizadores para a transformação produtiva e tecnológica, que incluem: a transição energética, a eletromobilidade, a economia circular, o turismo sustentável, a bioindustrialização, a indústria farmacêutica e de ciências da vida, a manufatura avançada, a agricultura, os serviços modernos habilitados pela internet, a sociedade do cuidado e outros”, especificou José Manuel Salazar-Xirinachs.
Os objetivos específicos da plataforma são promover o intercâmbio de experiências e boas práticas; facilitar a realização de programas de formação; fomentar a realização de encontros, projetos e ações entre iniciativas de diversos territórios, países ou regiões; realizar pesquisas sobre temas de interesse comum; elaborar metodologias e ferramentas de trabalho; e propiciar a integração produtiva regional, entre outros.
Durante o evento, destacados especialistas analisaram o potencial da plataforma para avançar na construção de uma agenda regional de iniciativas de clusters e outras iniciativas de articulação produtiva, entre eles Alberto Pezzi, Diretor de Clusters de ACCIÓ, Generalidade da Catalunha, Espanha; Patricia Valdenebro, CEO de TCI Network; Gonzalo Rivas, Chefe da Divisão de Competitividade, Tecnologia e Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Rebeca Vidal, Executiva Principal da Direção de Análise Técnica e Setorial da Vice-Presidência de Setor Privado do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe); Sylvia Dohnert, Diretora Executiva de Compete Caribbean; Maryse Roberts, Diretora do Departamento de Desenvolvimento Econômico da Organização dos Estados Americanos (OEA); e Annalisa Primi, Chefe da Divisão de Desenvolvimento e Transformação Econômica do Centro de Desenvolvimento da OCDE; com a moderação de Marco Llinás, Diretor da Divisão de Desenvolvimento Produtivo e Empresarial da CEPAL.
Os especialistas destacaram o lançamento da plataforma como uma contribuição ao processo de industrialização verde e transformação produtiva da América Latina e do Caribe. Ressaltaram especialmente que se trata de uma ferramenta útil, concentrada no território, que pode ajudar os clusters e outras iniciativas de articulação produtiva da região a passar do diagnóstico à ação, aproveitar boas práticas nacionais, regionais e internacionais e gerar uma agenda regional sobre a matéria. Todas as instituições que participaram do painel ofereceram sua colaboração para consolidar e potencializar a ação da plataforma.