Comunicado de imprensa
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) lançou o Anuário Estatístico da América Latina e do Caribe 2022, disponível na internet, que apresenta uma síntese estatística sobre o desenvolvimento sociodemográfico, econômico e ambiental dos países da região.
Esta publicação anual, uma das mais importantes do organismo regional das Nações Unidas, constitui uma referência para todos que querem contar com dados estatísticos descritivos comparáveis entre países e no tempo. A presente edição contém a informação que estava disponível até meados de dezembro de 2022.
O Anuário Estatístico 2022 está organizado em três capítulos. O primeiro apresenta aspectos demográficos e sociais que incluem indicadores de população, trabalho, educação, saúde, habitação e serviços básicos, pobreza e distribuição da renda e gênero.
No âmbito social, os dados do Anuário mostram uma leve recuperação em alguns indicadores após a pandemia de COVID-19. Em 2021, a pobreza na América Latina alcançou 32,3% da população, inclusive 12,9% da população em situação de pobreza extrema. Estas cifras representam uma leve queda em relação ao ano anterior, de 0,5 ponto porcentual na pobreza e de 0,2 ponto na pobreza extrema.
O impacto da pandemia sobre o emprego se manteve, apesar da leve melhoria dos indicadores. Com efeito, a taxa de participação da população na atividade econômica da América Latina e do Caribe elevou-se a 61,4%, em comparação com o mínimo de 57,8% alcançado em 2020. Por outro lado, registrou-se uma queda da taxa de desocupação aberta, que passou de 10,5% em 2020 para 9,3% em 2021. Nos dois casos, as melhorias registradas em 2021 não foram suficientes para alcançar os valores desses indicadores antes da pandemia.
O segundo capítulo apresenta informação econômica referente a contas nacionais, balanço de pagamentos, comércio exterior e índices de preços, entre outros.
O Anuário mostra que, em 2022, as economias da região cresceram a uma taxa estimada de 3,7%, quase a metade do crescimento registrado em 2021 (6,7%). Isto reflete, por um lado, o esgotamento do efeito rebote na recuperação de 2021 e, por outro, o impacto e os efeitos das políticas monetárias restritivas, maiores limitações do gasto fiscal, menores níveis de consumo e investimento e deterioração do contexto externo.
Junto com a desaceleração do crescimento, mantiveram-se as pressões inflacionárias em 2022. A variação do Índice de Preços ao Consumidor na América Latina alcançou 15,4% em 2022, nível superior aos 12,4% registrados em 2021. A dinâmica dos preços dos alimentos, que teve um papel importante na evolução do índice geral de preços ao consumidor, alcançou uma variação de 13,2% em 2022, em comparação com 8,3% de 2021. O comportamento da inflação regional está relacionado também com a evolução dos preços dos produtos básicos, que entre janeiro e outubro do 2022 aumentaram 16,6% em relação ao ano anterior, destacando-se o crescimento de 45,9% nos preços dos produtos energéticos, 36,8% nos fertilizantes e 19,5% nos alimentos e bebidas.
Ao complexo cenário interno da região soma-se uma situação pouco favorável no setor externo. Em 2021, a América Latina e o Caribe registraram um déficit na conta corrente do balanço de pagamentos de 1,5% do PIB, com uma deterioração na balança comercial da região, influenciada por um crescimento das importações de bens de 34,7%, superior à expansão de 27,7% das exportações de bens. Contudo, em 2021 o investimento estrangeiro direto mostrou uma recuperação, com um crescimento dos fluxos líquidos de 14,0%, frente à queda de 20,4% em 2020.
O terceiro capítulo oferece estatísticas e indicadores ambientais da região. Destacam-se métricas sobre condições físicas, cobertura terrestre, ecossistemas, biodiversidade, qualidade ambiental, terra, recursos energéticos, hídricos e biológicos, emissões no ar, desastres, assentamentos humanos, regulação e governança ambiental.
Historicamente, a América Latina e o Caribe deram uma contribuição menor à mudança climática em comparação com outras regiões. Contudo, os países desta região são muito vulneráveis a suas consequências negativas: inundações, tempestades, secas e deslizamentos de terra, entre outros. Somente em 2022 ocorreram 74 eventos perigosos e desastres, com mais de 7 milhões de pessoas diretamente afetadas e mais de mil pessoas falecidas. O valor de todos os danos e perdas econômicas relacionados direta ou indiretamente com desastres em 2022 na nossa região ascendeu a 1,789 bilhão de dólares.
Adicionalmente, desde 1990 a região aumentou sua produção aquícola acumulada em mais de 1.547%, passando de 229.611 toneladas em 1990 a 3.781.004 toneladas em 2020. Além disso, pode-se observar como a extração pesqueira diminuiu 22%. Tudo isto mostra uma menor pressão sobre estes recursos naturais, provocando um impacto menos desfavorável no ambiente.
Por último, esta edição do Anuário Estatístico inclui informação sobre a qualidade ambiental na região através da qualidade do ar (poluição do ar), que representa um importante risco ambiental para a saúde humana. Os resultados indicam que somente 30% dos países (10 de 33) cumprem as diretrizes da Organização Mundial da Saúde para material particulado (PM2.5) e, lamentavelmente, cinco países têm o dobro do valor máximo permitido.
O Anuário Estatístico é publicado em versão impressa e em formato eletrônico e inclui uma seleção de quadros e gráficos que apresentam um resumo da informação estatística sob a perspectiva regional. A versão eletrônica interativa facilita a navegação e o acesso à informação apresentada em sua versão impressa, vinculando os gráficos e tabelas estatísticas com as séries de dados disponíveis nas bases de dados da CEPAL, o que permite acessar a informação mais detalhada e sobre um período histórico muito mais amplo. Também inclui um capítulo adicional que explica os aspectos metodológicos e as referências às fontes dos dados utilizadas.
A informação que serve de base ao Anuário faz parte do conjunto de estatísticas disponíveis em CEPALSTAT, a plataforma que dá acesso a toda a informação estatística atualizada dos países da região coletada, sistematizada e publicada pela CEPAL, permitindo visualizar as estatísticas da região no território através de seu Geoportal.
Já que a maior parte da informação provém dos institutos nacionais de estatística, bancos centrais, organismos internacionais e outras instituições oficiais, a CEPAL convida os usuários a prestar atenção às fontes e notas técnicas apresentadas neste trabalho. Os dados são obtidos a partir de metodologias e padrões internacionais com o fim de assegurar a maior comparabilidade possível entre os países, motivo pelo qual estas cifras podem não coincidir necessariamente com os dados nacionais.