Comunicado de imprensa
Desbloquear o acesso ao financiamento climático, especialmente nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, é crucial para fechar a lacuna de adaptação, desenvolver resiliência, proteger os países mais vulneráveis à mudança climática e contribuir para um desenvolvimento mais baixo em carbono, sublinharam as autoridades reunidas na Mesa-redonda sobre financiamento climático e transição energética na América Latina e no Caribe, realizada na sede central da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago, Chile.
O evento, realizado em formato híbrido (presencial e virtual), é um dos cinco Fóruns Regionais sobre Iniciativas Climáticas para Financiar a Ação Climática e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), preparatórios do 27º período de sessões da Conferência das Partes na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP27), que são impulsionados pelo Sistema das Nações Unidas, a Presidência egípcia da COP27 e os Paladinos de Alto Nível de mudança climática da ONU.
A mesa-redonda foi aberta por Amina J. Mohammed, Vice-Secretária-Geral das Nações Unidas (virtual); Sameh Shoukry, Ministro das Relações Exteriores da República Árabe do Egito e Presidente da COP27 (virtual); Mahmoud Mohieldin, Enviado Especial sobre o Financiamento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, Paladino de Mudança Climática COP27 (virtual); Nigel Topping, Paladino de Mudança Climática COP26; León de la Torre, Embaixador da União Europeia no Chile; e Joseluis Samaniego, Diretor da Divisão de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos da CEPAL.
“Estamos numa corrida contra o tempo”, advertiu Amina J. Mohammed em sua intervenção de abertura, realizada via mensagem de vídeo.
“A América Latina e o Caribe devem contar com o apoio necessário para acelerar uma transição justa para as energias renováveis. A região tem um grande potencial para a geração de energia solar e eólica e deve ser apoiada através de fortes investimentos, inclusive a capacidade de armazenamento e uma grande flexibilidade para dar lugar às energias renováveis”, acrescentou a Vice-Secretária-Geral da ONU.
O Ministro Sameh Shoukry ressaltou que a promoção de novos instrumentos financeiros e a previsibilidade do financiamento climático nos países em desenvolvimento é fundamental para alcançar os objetivos do Acordo de Paris.
Para isso, expressou, “é urgente desbloquear o financiamento climático mediante a mobilização maciça de recursos públicos e privados para a ação climática no âmbito local, nacional e regional em todos os temas da ação climática”.
Mahmoud Mohieldin, Enviado Especial sobre Financiamento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, destacou que há um significativo potencial de oportunidades.
“Necessitamos de um enfoque holístico para que os esforços realizados na ação climática não ponham em risco o que conseguimos em sustentabilidade”, indicou.
Nigel Topping, Paladino de Mudança Climática COP26, sublinhou a necessidade de considerar a diversidade de pontos de vista dos diversos atores na cadeia de valor.
“Queremos melhorar a conversação para buscar soluções. Estou convencido de que a inovação, a paixão desta região, será muito importante”, expressou.
León da Torre, Embaixador da União Europeia no Chile, instou a acelerar a transição global para economias e sociedades climaticamente neutras, resilientes, sustentáveis, circulares e eficientes no uso dos recursos e mencionou a meta de redução de 55% das emissões da União Europeia até 2050.
“Alinhar os fluxos financeiros com uma trajetória de baixas emissões de gases de efeito estufa e um desenvolvimento resiliente ao clima é crucial para impulsionar a mudança para uma economia e uma sociedade climaticamente neutra e resiliente”, afirmou.
Representando o Secretário Executivo Interino da CEPAL, Mario Cimoli, o Diretor da Divisão de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos da Comissão, Joseluis Samaniego, alertou que a América Latina e o Caribe têm o triste registro de em poucos anos haver passado de contribuir com 8,3% para 10% das emissões globais.
“A região tampouco vai muito bem em matéria de políticas públicas. Apenas quatro países aplicam um imposto sobre emissão de carbono e em níveis muito baixos. A discussão acerca do imposto sobre o metano ainda não foi iniciada formalmente. Somente um país está aplicando no investimento público um preço social sobre o carbono, embora estejamos avançando para que estes instrumentos sejam adotados por mais países. Há um enorme campo para obter avanços melhores”, declarou.
Joseluis Samaniego enfatizou que esse fórum regional se concentra em projetos e busca propiciar um diálogo entre oferta e demanda de financiamento climático.
Nesse contexto, apresentou um compêndio com 55 projetos distribuídos entre 24 países da América Latina e do Caribe que requerem um financiamento de quase 16 bilhões de dólares, com um impacto de redução de emissões de CO2 de 24,6 milhões de toneladas por ano, que equivalem a 0,6% das emissões regionais. Os projetos se concentram em temas como a resiliência nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, minerais fundamentais e estratégicos, eletromobilidade e transição energética.
Espera-se que a mesa-redonda sobre financiamento climático e transição energética na América Latina e no Caribe ative processos para concretizar acordos de investimento entre os responsáveis por carteiras de projetos dos governos da América Latina e do Caribe e as instituições financeiras, mediante a definição de oportunidades concretas para avançar na transição energética sustentável da região, a análise das mudanças políticas necessárias e os gargalos que existem para o financiamento e a interação com fontes de financiamento e investimento tanto públicas como privadas a fim de mobilizar a ação para a COP27.
O evento contou com o apoio da Presidência da COP27, os Paladinos de Alto Nível de mudança climática da ONU e o programa Euroclima+, financiado pela União Europeia.