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A América Latina e o Caribe crescerão somente 0,5% em 2015

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29 de julho de 2015|Comunicado de imprensa

Dinamizar o investimento é fundamental para retomar o crescimento e a produtividade na Região, revela a CEPAL em um novo Relatório.

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Foto de Alicia Bárcena, Secretária Executiva da CEPAL
Alicia Bárcena, Secretaria Ejecutiva de la CEPAL, presentó el informe.
Foto: Claudio Guzmán/CEPAL

 

(** Inclui correção na projeção de crescimento para Cuba em 2015, na tabela do PIB anexa **)

Os países da América Latina e do Caribe crescerão em média 0,5% em 2015, segundo novas projeções divulgadas hoje pela CEPAL, em uma coletiva de imprensa em Santiago, Chile. Ainda que a desaceleração seja um fenômeno generalizado na região, o organismo prevê um crescimento heterogêneo entre sub-regiões e países, onde a América do Sul mostraria uma contração de -0,4%, a América Central e o México um crescimento de 2,8%, e o Caribe de 1,7%.

O Panamá liderará a expansão regional com um crescimento de 6,0%, seguido por Antígua e Barbuda (5,4%), pela República Dominicana e pela Nicarágua (ambos com 4,8%). O México alcançará um produto interno bruto (PIB) de 2,4% e a Argentina de 0,7%.  O Brasil apresentará uma contração de -1,5%, enquanto que a Venezuela terá uma redução ainda maior de -5,5%.

Ao apresentar seu mais recente relatório anual, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) propõe dinamizar o processo de investimento para retomar o crescimento e melhorar a produtividade da economia da Região.

Segundo o Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2015, a desaceleração econômica se deve a fatores tanto externos como internos. No âmbito externo, destaca-se o lento crescimento da economia mundial durante 2015, particularmente a desaceleração da China e das outras economias emergentes, com exceção da Índia.  O relatório ressalta que o comércio mundial se manterá estagnado no que já se transformou em um problema estrutural da economia mundial e que à menor demanda externa se soma, por um lado, a tendência à queda dos preços dos produtos básicos, e por outro, a maior volatilidade e a incerteza nos mercados financeiros internacionais. 

No âmbito interno, a publicação mostra que a contração do investimento, junto com a desaceleração do crescimento do consumo, explica entre outros fatores a redução da demanda interna, fator principal do crescimento nos últimos anos.

A redução da taxa de investimento e a menor contribuição da formação bruta de capital ao crescimento são preocupantes, já que não somente afetam o ciclo econômico, mas também a capacidade e a qualidade do crescimento de médio e longo prazo, enfatiza a CEPAL. Por isso um dos principais desafios para retomar um crescimento vigoroso é dinamizar o processo de formação bruta de capital, destaca o documento.

 “Redinamizar o crescimento no curto e longo prazo é necessário para impulsionar o investimento público e privado em tempos complexos. Isto pode ser realizado com regras fiscais que protejam o investimento, recorrendo à parcerias público-privadas e à novas fontes de financiamento, como os bancos de investimentos e infraestrutura dos países BRICS, e mecanismos alternativos como bônus verdes e empréstimos triangulares”, declarou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL.

No mercado de trabalho, o Estudo Econômico revela que o menor crescimento terá um impacto negativo no emprego. Para 2015, estima-se em média, um aumento da taxa de desemprego cerca de 6,5% da população, dos 6,0% observado no ano passado.

Em seu relatório a CEPAL destaca que a capacidade dos países da região para acelerar o crescimento econômico depende dos espaços que tenham para adotar políticas contracíclicas que estimulem especialmente o investimento, que será fundamental na diminuição dos efeitos dos choques externos e assim evitar que as economias sofram consequências negativas no médio e longo prazo.

O organismo acrescenta que o investimento não apenas afeta o ritmo e a acumulação de capital, mas que também se relaciona diretamente com a produtividade das economias. Por isso é necessário estabelecer um marco de políticas públicas que promovam, tanto o investimento público, como o privado.

Segundo a CEPAL, o investimento público pode ampliar o espaço fiscal ao estimular o crescimento, sem que isso necessariamente implique em incremento na dívida dos países. Do mesmo modo, os investimentos em infraestrutura podem ser cruciais para alcançar um desenvolvimento sustentável. Ainda que este tenha aumentado nos últimos anos, ainda persistem importantes brechas.

No âmbito do investimento privado, a CEPAL aponta que é necessário melhorar o acesso das pequenas e médias empresas (PMEs) ao financiamento produtivo, assim como orientar os sistemas financeiros para o setor produtivo e no longo prazo. Junto com isto é necessário reforçar a arquitetura produtiva e territorial com instrumentos de investimento de política industrial e inovação tecnológica que vão além dos esquemas de incentivos tributários.