ESCRITÓRIOS REGIONAIS

Impacto econômico da mudança climática no Caribe

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Foto: KennardP, Flickr

A agricultura representa um décimo do PIB e quase um terço das fontes de emprego no Caribe. Até 2050, isto pode mudar de maneira drástica devido à mudança climática, como expõe o documento The economics of climate change in the Caribbean (A economia da mudança climática no Caribe), publicado pela CEPAL como o terceiro volume do Caribbean Development Report (Relatório de desenvolvimento do Caribe).

O relatório avalia o custo da mudança climática em cinco setores - agrícola, costeiro e marítimo, energético e de transportes, saúde e turismo - em nove países da sub-região.

A agricultura no Caribe, seja destinada aos mercados nacionais ou à exportação, ainda faz uso de métodos agrícolas intensivos que dependem dos sistemas de cultivo sem irrigação. As frutas, a mandioca e a noz-moscada são alguns dos produtos cultivados para o consumo nacional, enquanto aqueles que tradicionalmente foram cultivados para exportação incluem a banana, a cana-de-açúcar e o café. Uma avaliação dos setores na Guiana, Jamaica, Santa Lúcia e Trinidad e Tobago concluiu que, mesmo que as mudanças nas temperaturas e as precipitações sejam mínimas, terão um impacto significativo na agricultura, especialmente nos pequenos agricultores.

Tendo em vista a menor dimensão econômica desses países, a frequência e a intensidade cada vez maiores das condições meteorológicas extremas (por exemplo, os furacões, as inundações e secas provocadas pela mudança climática) são motivo de preocupação. Além da erosão do solo causada pelos furacões e pelas inundações, a seca pode ter como resultado uma incidência maior de incêndios e uma redução dos rendimentos agrícolas. Já que grande parte da terra para a agricultura se encontra nas planícies costeiras, a elevação do nível do mar poderia aumentar a salinidade dos mantos aquíferos, o que dificultaria o cultivo. No Caribe, a receita da exportação de banana poderia diminuir 5,1%, enquanto a de derivados da pesca diminuiria 20% até 2050, como resultado da mudança climática. Na Guiana, a agricultura poderia mostrar perdas acumuladas de mais de 1,9 bilhão de dólares nesse período.

Considerando os custos econômicos e sociais da mudança climática, devemos encontrar maneiras de minimizar seus impactos. O Caribe é responsável por menos de 0,1% das emissões mundiais totais de gases de efeito estufa; por conseguinte, as medidas de adaptação, que se concentram no ajuste às repercussões previstas da mudança climática, podem ser a única opção viável. Se levarmos em conta a importância da água para a agricultura, uma irrigação que conserve o uso da água e instalações para seu armazenamento in situ podem reduzir a dependência dos sistemas de cultivo sem irrigação. A melhora da pesquisa e desenvolvimento poderia permitir a introdução de variedades vegetais mais resistentes à seca, à salinidade e às pragas, assim como uma melhor diversificação das culturas. Por outro lado, será crucial a melhora no fluxo de informação entre pesquisadores, agricultores e governos, assim como o investimento em infraestrutura (por exemplo, muros de contenção em zonas costeiras).

Ao implementar algumas das medidas de adaptação propostas, os países do Caribe poderiam minimizar o impacto da mudança climática em suas economias e, possivelmente, encontrar oportunidades para avançar em seus processos de desenvolvimento.


 

 


 

 

 

 
  O relatório avalia o custo da mudança climática em cinco setores - agrícola, costeiro e marítimo, energético e de transportes, saúde e turismo - em nove países da sub-região.
 
  Tendo em vista a menor dimensão econômica desses países, a frequência e intensidade cada vez maiores das condições meteorológicas extremas (por exemplo, os furacões, as inundações e secas provocadas pela mudança climática) são motivo de preocupação.