Pular para o conteúdo principal

O comércio regional diante de uma encruzilhada: diversificação e integração em um contexto global de baixo crescimento

Available in EnglishEspañolPortuguês
20 de outubro de 2015|Comunicado de imprensa

Segundo o novo Relatório da CEPAL, as exportações da América Latina e do Caribe se contrairão -14% em 2015, com uma tendência de queda que tem piorado nos últimos três anos.

O valor das exportações da América Latina e do Caribe diminuirá pelo terceiro ano consecutivo em 2015 e se contrairá -14%, segundo novas projeções apresentadas hoje pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, CEPAL, na Cidade do México.

A CEPAL apresentou seu Relatório anual: Panorama da Inserção internacional da América Latina e Caribe 2015. A crise do comércio regional: diagnóstico e perspectivas. Este Relatório mostra que as fortes quedas nos preços das matérias-primas e uma menor demanda internacional pelos produtos que a região exporta afetaram suas remessas ao exterior. Em 2014 e 2013, estas registraram diminuições de -3,0% e -0,4%, respectivamente. Isto torna o triênio entre 2013 e 2015 no de pior desempenho exportador da Região em oito décadas.

Segundo o organismo da ONU, é provável que as exportações da Região voltem a cair em 2016, visto que as perspectivas de uma recuperação dos preços para o próximo ano são pouco auspiciosas.

A tendência recessiva que caracteriza o atual contexto econômico internacional impede que o comércio recupere o dinamismo que apresentou no período prévio à crise de 2008 e 2009, aponta a CEPAL. Existe uma mudança de ciclo econômico caracterizado por um excesso de liquidez, uma queda da demanda agregada, uma menor capacidade dos países emergentes para absorver os impactos externos, a desaceleração da China, um crescimento dos ativos financeiros maior do que a economia real e uma mudança de destino dos fluxos de capitais para a Região, acrescenta a CEPAL.

Nesse contexto, existe uma maior pressão para que os países adotem medidas de ajuste, o que se une às tarefas pendentes da Região, nas quais não se avançaram durante a bonança dos preços dos produtos primários. Entre elas, estão a falta de investimento em novas tecnologias e infraestrutura e a melhoria dos processos de produção.

“A região está em uma encruzilhada: ou segue no atual caminho restrito pelo contexto global, ou se compromete por uma inserção internacional mais ativa que privilegie a política industrial, a diversificação, a facilitação do comércio e a integração intrarregional”, enfatizou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL.

O Relatório da CEPAL indica que a queda no valor das exportações e a deterioração dos termos de troca serão mais acentuados nos países e sub-regiões exportadoras de petróleo e seus derivados e de matérias-primas. A Venezuela terá uma contração em suas remessas de -41%, a Bolívia -30%, a Colômbia -29%, o Equador -25%, o Caribe -22%, o Peru -16%, a Argentina e o Chile -17%, o Brasil -15%, o Paraguai -14%, o Uruguai -12%, o México e América Central cerca de -4%.

 As menores quedas no México e América Central são explicadas principalmente por seu padrão exportador, onde a demanda dos Estados Unidos, seu principal destino, tem sido mais dinâmica do que a de outras Regiões. Por outra parte, as exportações mexicanas e centro-americanas têm um alto componente de manufaturas as quais não sofreram quedas de preços tão abruptas como as das matérias-primas.

As  exportações  intrarregionais (destinadas a países da própria Região) registrarão  uma contração de -21%, maior do que a queda que se espera para as remessas extrarregionais (-13%). As maiores quedas ocorrem na América do Sul e no Caribe por seu menor dinamismo econômico e menores preços de suas exportações. Em contrapartida, a América Central terá um aumento no comércio intrarregional (2%) graças a um maior dinamismo da atividade econômica e de uma maior integração produtiva entre suas economias.

No que se refere às importações, o Relatório da CEPAL registra uma situação similar, já que se espera uma queda média de -10% no valor das remessas recebidas pela Região em 2015.

A desaceleração da economia chinesa desde 2012, também explica a queda das exportações latino-americanas e caribenhas, em especial dos países especializados em produtos primários que o gigante asiático importa. 

Em seu Relatório, a CEPAL indica que a “nova normalidade” chinesa – que transita para uma economia com mais ênfase no consumo – representa uma oportunidade para a América Latina e o Caribe de diversificar suas remessas a esse país. Por exemplo, a região poderia converter-se em um sócio estratégico para a China na categoria agroalimentar, visto que se espera que o país asiático duplique suas importações deste tipo de produtos até 2020.

O documento da CEPAL apresenta, também, os resultados de uma pesquisa sobre a implementação de medidas de facilitação do comércio na Região, realizada entre novembro de 2014 e julho de 2015. Segundo a sondagem, a taxa média de funcionamento deste tipo de ações em 19 países da região chega a 68%, número próximo ao dos países asiáticos como Filipinas, Índia e Malásia.

A CEPAL propõe que a Região dê maior ênfase no comércio intrarregional, em consolidar a implementação da facilitação do comércio – para que baixem os custos de intercâmbio entre os países – e na coordenação e negociação em bloco diante dos grandes participantes comerciais internacionais.