Uma agenda de responsabilidade social para as pequenas empresas

Foto: Hillary Mason, Flickr

Desde 2006 a CEPAL trabalha na construção de uma agenda regional de responsabilidade social empresarial (RSE) para micro, pequenas e médias empresas, junto com a Secretaria Executiva de Desenvolvimento Integral da Organização de Estados Americanos (OEA) e o Young American Business Trust (YABT).

O projeto se denomina “Promotion of Corporate Social Responsibility in SMEs in Latin America and the Caribbean” e tem contado com a colaboração do Governo do Canadá, através da sua agência de cooperação CIDA.

Estima-se que cerca de 200 milhões de unidades de negócios operam no hemisfério ocidental, das quais 120 milhões são micro, pequenas e médias empresas, o que equivale a mais de 90% do total de negócios registrados. Estas empresas geram entre 50 e 70% do emprego da região.

Um terço delas é dirigido por mulheres e só um quarto das empresas foi criado por empreendedores menores de 35 anos. Têm em média 14 meses de vida e, em sua grande maioria, atuam na informalidade. Contribuem com cerca de 5% das exportações de bens e serviços e só um terço delas tem capacidade de inserir-se nos mercados globais de bens e serviços.

Reconhecendo a importância crescente destas empresas e o impacto potencial na competitividade dos países, a OEA, CEPAL e YABT propuseram durante os últimos 4 anos uma agenda de RSE com dois objetivos:

1) Melhorar o desempenho social e ambiental das empresas, através da identificação de áreas críticas do negócio e sua disponibilidade à mudança (formulação de ferramental e indicadores técnicos de gestão) com vistas a elevar a competitividade dos negócios e dos setores selecionados.

2) Definir e incorporar experiências de diferentes grupos de interesse a uma possível agenda regional de RSE, entendendo de que não se trata de tarefa de um só ator (seja o governo ou o setor privado), mas de uma responsabilidade de toda a sociedade, ou seja, um entendimento compartilhado alimentado por contribuições de todos os setores para gerar uma sociedade mais justa e equitativa.

A RSE é uma nova forma de fazer negócios que leva em consideração os impactos sociais, ambientais e econômicos da atividade empresarial. A RSE se situa naqueles aspectos centrais do negócio, como a criação de valor, a administração de risco e a inovação. O conceito incorpora também a importância dos valores éticos que marcam a atuação da empresa, os interesses das comunidades, dos trabalhadores e de todos aqueles grupos envolvidos com a atividade da empresa.

A iniciativa conjunta OEA-CEPAL-YABT teve início em 2006 com 14 países do Caribe de língua inglesa, aos quais se agregaram 9 países da América Latina. Tem-se trabalhado com empresas provenientes dos setores de turismo, extrativo e da construção. A seleção destes setores não foi fortuita, mas responde a sua importância na região: na América Latina, as receitas por turismo representam em média mais de 10% do PIB, participação que em alguns casos supera 50%.

Aos diálogos foram convocados representantes de outros organismos internacionais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Instituto do Banco Mundial y a Organização Internacional do Trabalho, assim como de organizações locais, comunidades indígenas, do setor trabalhista e de academias, dentre outros.

Em abril 2010, os avances alcançados motivaram que diversos países do Conselho Permanente da OEA solicitassem uma sessão na qual se informasse dos alcances e conquistas da iniciativa da RSE. Durante a sessão especial um importante grupo de países somou-se a este esforço, respondendo assim ao chamado da Cúpula das Américas de Quebec de 2001, ratificado na Assembleia Geral celebrada em junho 2009 em Honduras, e que instou os “Governos dos Estados Membros a que promovam programas e iniciativas sobre RSE com especial ênfase em suas respectivas cadeias de valor e incorporem maiores conhecimentos sobre os atuais princípios voluntários e diretrizes reconhecidas internacionalmente.”

Em junho de 2010 realizou-se em Nova York o encontro de líderes do Pacto Mundial a 10 anos da sua criação. Trata-se da iniciativa de RSE das Nações Unidas conformada por 10 Princípios que abrangem as áreas de direitos humanos, trabalhista, proteção do meio ambiente e anticorrupção e que já conta com 8.000 aderentes.

Ainda que se tenha reconhecido o crescente papel da RSE na agenda empresarial, também se identificaram algumas áreas nas que as empresas devem seguir trabalhando (direitos humanos e anticorrupção). No tema de sustentabilidade ambiental, no entanto, se observaram avances.

Mais informação em: https://www.cepal.org/washington/