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A urbanização apresenta oportunidades e desafios para avançar rumo ao desenvolvimento sustentável

Foto: Miguel Angel Labarca, Flickr

A América Latina é a região mais urbanizada do mundo em desenvolvimento. Dois terços da população latino-americana vivem em cidades de 20.000 habitantes ou mais e quase 80% em zonas urbanas.

As previsões sugerem que a porcentagem urbana na região continuará aumentando, mas a um ritmo decrescente. Assim assinala o documento da CEPAL População, território e desenvolvimento sustentável, apresentado recentemente no Comitê Especial da CEPAL sobre População e Desenvolvimento, realizado em Quito, Equador.

Segundo o documento, um simples dado basta para ilustrar a importância demográfica das grandes cidades (de 1 milhão de habitantes ou mais) na América Latina e no Caribe: seu número aumentou de oito em 1950 para 56 em 2010 e uma de cada três pessoas da região vive nessas cidades.

“O território importa... e muito. Devemos nos preparar para um futuro cada vez mais urbanizado”, assinalou a Secretária Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, em seu discurso inaugural do Comitê de População, em Quito.

A urbanização é uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável, assinala a CEPAL. Mas seu acelerado avanço na região desperta controvérsias metodológicas, teóricas e de política, além de ter efeitos territoriais complexos.

Embora haja abundantes evidências em apoio das visões positivas da urbanização, persistem problemas, dificuldades e desafios derivados de sua elevada taxa de crescimento e de sua intensidade.

De acordo com o documento da CEPAL, entre os “déficits urbanos” sobressaem a pobreza e a informalidade e precariedade habitacionais (assentamentos improvisados ou favelas), a falta de cobertura de serviços básicos e sua má qualidade, as deficiências do transporte coletivo, os problemas do transporte privado e a escassez de equipamento comunitário e espaços públicos.

“O que ocorrer nas grandes cidades é determinante para o desenvolvimento sustentável”, assinala o estudo, que mostra vários exemplos alentadores, tanto em matéria de indicadores como de políticas tendentes a enfrentar os déficits antes mencionados e de um melhor planejamento para torná-las mais funcionais e acolhedoras para seus habitantes.

Do ponto de vista das políticas públicas em geral, uma implicação importante derivada do avanço da urbanização é que as demandas e os requisitos sociais não só se concentrarão nas cidades, mas acentuarão seu perfil urbano.

Neste plano, os especialistas da CEPAL destacam dois desafios. Um é a ausência de governos metropolitanos legitimados politicamente, solventes em matéria financeira e bem dotados do ponto de vista técnico e administrativo. O segundo se refere à escassa experiência, vontade política fraca e falta de instrumentos para atuar sobre assuntos prementes, como a insegurança pública, a especulação imobiliária, os congestionamentos e a segregação residencial.

Entre as sugestões de política sobre estas matérias, o documento recomenda reduzir a desigualdade nos serviços básicos municipais mediante o fortalecimento das finanças dos governos locais com menos recursos, bem como facilitar o acesso ao solo urbanizado para os pobres, evitando sua migração para zonas periféricas e com escassa infraestrutura e acessibilidade, promover a participação e agrupamento das famílias que precisam de moradia e atuar sobre outros âmbitos em que há segregação, como o escolar, o que supõe recuperar a diversidade social da escola pública e melhorar sua qualidade.

Em matéria ambiental, o tratamento e reciclagem dos resíduos deve ser uma prioridade para evitar que as cidades se convertam em vetores de dano ambiental pela transferência de seus resíduos a outros ecossistemas. “Mas isso não basta… é necessário mudar os padrões de produção e consumo urbanos para que tanto as empresas como as pessoas incorporem a noção de sustentabilidade e cuidado ambiental em seus comportamentos”, finaliza o relatório.

Quadro

AMÉRICA LATINA E CARIBE: CONCENTRAÇÃO DA POPULAÇÃO EM CIDADES GRANDES, 1950-2010

 

Cidades de um milhão de habitantes ou mais em

 

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

Número de cidades

8

11

17

26

38

48

56

População (em milhares de pessoas)

17 981

30 070

53 965

86 003

119 737

156 623

186 185

Porcentagem da população total

11.1

14.1

19.4

24.3

27.6

30.6

32.0

Porcentagem da população urbana

26.8

28.7

33.8

37.1

38.9

40.5

40.2

Fonte: Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia (CELADE) - Divisão de População da CEPAL, com base em Nações Unidas, “Perspectivas de urbanização mundial: Revisão 2010” e “Perspectivas de urbanização mundial: Revisão 2007” [on-line] https://esa.un.org/unup

 


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Na América Latina e no Caribe, o número de cidades com mais de um milhão de habitantes aumentou de oito em 1950 para 56 em 2010 e uma de cada três pessoas da região vive nessas cidades.

 
 

Embora haja evidências em apoio das visões positivas da urbanização, persistem problemas, dificuldades e desafios derivados de sua elevada taxa de crescimento e de sua intensidade.