Nota informativa
Os efeitos da mudança climática poderiam fazer com que para fins de século a produção de milho, feijão e arroz na América Central, vital para a seguridade alimentar de sua população, sofra reduções de 35%, 43% e 50%, respectivamente, segundo assinala um recente estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
O informe, intitulado Impactos Potenciales del Cambio Climático sobre los Granos Básicos en Centroamérica e publicado pela Sede Sub-Regional da CEPAL no México, realiza estes cálculos com base em dois cenários projetados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), denominados A2 (emissões crescentes e passividade global) e B2 (trajetória de menor crescimento das emissões).
O documento assinala que, para o fim do século, com o cenário A2 as reduções regionais de rendimentos estimadas seriam de 35%, 43% e 50%, respectivamente, para o milho, o feijão e o arroz, em comparação com 17%, 19% e 30% resultantes do cenário B2; pelo que é importante seguir insistindo num esforço global para reduzir as emissões.
Na América Central, a maior parte desta produção, especialmente de milho e feijão, encontra-se em mãos de pequenos produtores, que em sua maioria vive em condições de pobreza e com acesso limitado a serviços sociais e econômicos.
Não obstante, eles salvaguardam um importante acervo de agrobiodiversidade e conservam práticas de produção relativamente sustentáveis e adequadas às condições locais. Estas características os convertem em atores-chave na resposta à mudança do clima, estando, ao mesmo tempo, muito vulneráveis ao seu impacto.
Por este motivo é urgente impulsionar estratégias adaptativas inclusivas e sustentáveis para o setor de grãos básicos que combinem a redução da pobreza e da vulnerabilidade com a adaptação à mudança climática e à transição a economias más sustentáveis e baixas em carbono. Neste sentido, os esforços de adequação e mitigação que a região vem implementando são muito importantes.
Conscientes desta situação, os Presidentes do Sistema de Integração Centro-Americana (SICA) acordaram em maio de 2008 um conjunto de mandatos para as instituições nacionais e regionais em resposta à mudança do clima.
Neste âmbito, a Comissão Centro-Americana de Ambiente e Desenvolvimento (CCAD), o Conselho de Ministros de Fazenda ou Finanças da América Central, Panamá e da República Dominicana (COSEFIN), a Secretaria de Integração Econômica da América Central (SIECA) e a CEPAL empreenderam a iniciativa "La economía del cambio climático en Centroamérica" (ECCCA).
O objetivo deste projeto é desenvolver análises para evidenciar a vulnerabilidade da região e os potenciais impactos da mudança climática, alertar os tomadores de decisões e apoiar a geração de medidas de adaptação inclusivas e sustentáveis, com uma transição a economias baixas em carbono.