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Impulsionar a industrialização e as cadeias de valor é crucial para aproveitar os recursos naturais da região

20 de junho de 2016|Notícias

Em seu último relatório anual, a CEPAL analisa a evolução dos investimentos em mineração metálica na América Latina e no Caribe.

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Foto de fundición de cobre
Foto: EFE/Felipe Trueba.

A demanda de minerais metálicos, liderada pela China, trouxe consequências positivas para a América Latina e o Caribe em termos de exportações e receita fiscal na última década; contudo, a região não avançou numa política de industrialização: os encadeamentos com outros setores ainda são fracos e faltam políticas para que a mineração contribua para a criação de novas capacidades, assinala a CEPAL em seu último relatório anual O Investimento Estrangeiro Direto na América Latina e no Caribe 2016.

De acordo com o documento, nos últimos 15 anos o peso relativo médio dos recursos naturais no total de fluxos de investimento estrangeiro direto (IED) na região passou de 16,6% e 17,1% nas décadas de 1990 e 2000, respectivamente, a 22,3% no período 2010-2014. Nesse quatriênio, ingressaram na região 170,555 bilhões de dólares a título de IED para o conjunto dos setores de recursos naturais.

“Nossa região, que podia ter aproveitado melhor o boom dos recursos naturais, no encerramento desse ciclo de auge não avançou na cadeia de valor”, afirmou a Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, durante o lançamento do relatório, no dia 15 de junho em Santiago do Chile.

Paralelamente, a China não só impulsionou a demanda internacional de minerais e concentrou as importações, mas também investiu na refinação e fundição de metais, avançando na cadeia de valor mínero-metalúrgica.

Por exemplo, embora a China possua reservas de cobre muito menores que as da América Latina, implementou uma estratégia que busca a industrialização importando os minerais em etapas primárias, processando-os e posteriormente exportando-os na forma de metais básicos ou elaborados, com a consequente agregação de valor no mercado local, assinala o relatório.

Atualmente, a região possui 66% das reservas mundiais de lítio, 47% de cobre, 45% de prata, 25% de estanho, 23% de bauxita, 23% de níquel e 14% de ferro.

Contudo, a participação da China na produção de cobre refinado alcança 34,8% do total mundial versus 16% da América Latina e do Caribe, uma região que mantém a liderança na produção de cobre bruto. 

“A China tem uma política de industrialização de médio e longo prazo, uma política que busca dotar de maior valor agregado as matérias-primas. Mesmo quando não produz, está dando valor agregado às matérias-primas que comprou e acumulou. Nós as temos, não necessitamos importá-las, poderíamos ter uma política industrial baseada nestas grandes reservas de recursos naturais”, afirmou Bárcena.

Esta política contribuiria à construção de um novo estilo de desenvolvimento na região, central para alcançar as metas contidas na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, como afirma o documento Horizontes 2030: a igualdade no centro do desenvolvimento sustentável, recentemente publicado pela CEPAL.

O relatório sobre IED afirma que os países da América Latina e do Caribe devem acompanhar a expansão da mineração metálica com políticas de apoio ao setor produtivo e obter o maior benefício possível do ponto de vista do desenvolvimento inclusivo e sustentável.

Embora a busca das melhores estratégias para que a mineração apoie substantivamente o desenvolvimento seja um desafio complexo em que cada país tem que equilibrar diversos interesses contrapostos, é necessário impulsionar um espaço institucional de coordenação entre os setores público e privado para a formulação e implementação de políticas industriais que promovam a diversificação do setor mineral.